Mais de 60% dos jovens mineiros empregados têm trabalhado presencialmente, mesmo com a pandemia do novo coronavírus.

Levantamento do Ensino Nacional Profissionalizante (Espro) aponta que 62,92% dos aprendizes atuantes no estado – com idades entre 14 e 24 anos – precisam se deslocar até as empresas. A média dando expediente presencialmente, somadas as respostas dadas em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, é de 47,4%.

Esses jovens baseados em Minas são também os que menos seguem fielmente as regras de distanciamento social. Segundo o Espro, 10,83% relataram descumprimento, ante média de 7,27% se estendido aos outros três estados. Os dados foram colhidos pelos pesquisadores em novembro.
Em comparação aos outros estados, Minas tem o maior percentual de jovens sem estudar: 45,86%. A média das quatro unidades é de 43,27%. Vale lembrar, porém, que parte dos aprendizes já concluiu o ensino médio ou a graduação.

Henrique Rafael de Andrade, de 18 anos, que sonha ser fuzileiro naval e pretende cursar administração de empresas, esteve entre os que precisaram sair de casa para “bater ponto”. O contrato de aprendiz firmado por um hospital particular de Belo Horizonte se encerrou recentemente, mas durante grande parte da pandemia ele repôs os estoques de medicamentos. “O ônibus que eu pegava era muito cheio. Não dava para ir em pé de tão cheio. Sempre lavei bem as mãos, utilizava álcool em gel e máscaras N95, que o hospital fornecia. Em casa, já colocava as roupas do dia para lavar”, diz, ao lembrar das recomendações sanitárias que seguia para evitar o contágio.

Andrade viu a irmã ficar desempregada durante a pandemia e temeu seguir o mesmo caminho. “A manutenção do meu contrato foi muito boa. Se eu tivesse perdido meu emprego, ficaria pesado demais para minha mãe sustentar toda a família”, lembra.


Preocupação

Segundo a pesquisa, 88,75% dos jovens mineiros demonstraram alguma preocupação sobre perder suas fontes de renda. “Durante a pandemia, muitos dos pais desses jovens perderam os empregos. E os jovens, por um bom período, passaram a ser a principal ou a única fonte de renda da família. Aquele dinheiro com o qual eles ajudavam em casa, mas que ainda sobrava para planos pessoais, acabou consumido inteiramente pela família”, observa Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro.

Impacto na rotina e medo de renda cair


Aos 17 anos, Gabrielle Luiza Silva trabalha como aprendiz no setor de Recursos Humanos de um colégio privado belo-horizontino. A pandemia trouxe diversas mudanças à rotina dela. Sem poder trabalhar, teve o salário reduzido, mas como a carteira profissional é assinada, passou a receber o benefício que o governo federal destinou àqueles que tiveram jornadas reduzidas ou contratos suspensos. Sem a escola presencial, encontrou dificuldades para lidar com o ensino remoto da rede pública. Após prestar um exame, recebeu bolsa na escola em que dá expediente e resolveu repetir o segundo ano do ensino médio.

Fonte: Estado de Minas

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