A substância que poderá ser utilizada para fabricação de uma vacina contra o novo coronavírus começa a ser aplicada em voluntários de Minas Gerais nesta sexta-feira (31). O fármaco, considerado um dos mais promissores em desenvolvimento no mundo, vai ser testado em 852 pessoas de Belo Horizonte.

Quem receber o Coronavac, criado pelo laboratório Chinês Sinovac Biotech, será acompanhado por mais de um ano. No período, os pesquisadores vão determinar se a substância provoca imunidade contra a Covid-19 e se poderá transformar-se em vacina a ser aplicada para toda a população.

Esta é a terceira e última fase de teste da CoronaVac. Nas anteriores, realizadas na China, 744 participantes mostraram imunidade à doença após receberem o fármaco. No Brasil, a pesquisa está sendo coordenada pelo Instituto Butantan e, em Minas, conta com o apoio da UFMG. 

“A infraestrutura da UFMG no campo das pesquisas em dengue e outros estudos possibilitou que estivéssemos hoje preparados, de certa forma, para os ensaios clínicos no contexto da Covid-19”, afirmou Mauro Teixeira, coordenador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da instituição.

Quem pode receber a dose

Por enquanto, somente profissionais que trabalham na área da saúde, como médicos, enfermeiros e paramédicos, podem participar dos testes. De acordo com o Butantan, a escolha desse grupo ocorreu por serem mais expostos ao vírus. A intenção é tentar agilizar o processo necessário para aprovar o uso da vacina com a máxima segurança possível. 

Os outros critérios para ser voluntário são:

• ter mais de 18 anos
• não ter sido contaminado pelo novo coronavírus
• não participar de outros experimentos
• ausência de gravidez
• não ter intenção de engravidar nos próximos meses
• não apresentar doenças crônicas
• não fazer uso de medicamentos contínuos
• ter registro ativo no conselho profissional de seu ofício.

Até o momento, a UFMG recebeu cerca de 850 doses. Em todo o Brasil, serão selecionados 9 mil voluntários, de diversas regiões do país. O pesquisador da universidade mineira explica que “ainda não existe nenhuma vacina contra o coronavírus, apenas candidatas”.

“Há um conjunto de estudos prévios que sugerem que a ‘vacina chinesa’ é segura e eficaz, mas o voluntário é apenas um ‘doador’ que se propõe a participar, sem a certeza de que a viabilidade do medicamento será comprovada”, declarou. 

Teste

Os voluntários serão divididos em dois ou mais grupos. Alguns vão receber o Coronavac e outros nada, o chamado placebo. “Isso é necessário para podermos comparar os dois grupos no futuro e avaliar os resultados. O esperado é que o grupo que recebeu a substância ativa esteja imune, mas isso é o que a pesquisa precisa nos dizer”, afirma Mauro Martins.

Matéria do Hoje em Dia


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