Uma criatura muito interessante é o tardígrado (do latim: “tardus”, lento e “gradus”, passo) de um filo de animais microscópicos segmentados. Foram descritos pela primeira vez pelo zoologista alemão Johann August Ephraim Goeze como ursos-d’água em 1773. O nome tardígrado foi dado pelo biólogo e padre Lazzaro Spallanzani em 1776.

O tardígrado é a criatura mais resistente do planeta, suporta uma variação de temperatura de 300º C, de 150º C abaixo de zero até 150º C acima de zero. A estratégia de sobrevivência dele é simples e eficaz, retrai suas oito patas e a cabeça e desidrata, o que permite que sobreviva até no vácuo do espaço. O tardígrado perde quase toda a água do corpo e seu metabolismo diminui 99,9%.

Em setembro de 2007, tardígrados foram levados para a órbita baixa da Terra na missão russa FOTON-M3 que transportou a carga de astrobiologia BIOPAN da ESA – Agência Espacial Europeia. Por dez dias, grupos de tardígrados, alguns desidratados, foram expostos ao vácuo do espaço sideral e radiação ultravioleta solar. Depois, em Terra, mais de 68% dos indivíduos protegidos da radiação UV solar foram reanimados, embora a mortalidade subsequente tenha sido alta; muitos deles produziram embriões viáveis. Mas das amostras ativas (hidratadas) submetidas também à radiação, apenas três indivíduos de Milnesium tardigradum sobreviveram.

Em maio de 2011, cientistas italianos enviaram tardígrados a bordo da Estação Espacial Internacional na missão STS-134, o último vôo do Ônibus Espacial Endeavour. O experimento mostrou que a microgravidade e a radiação cósmica não afetaram significativamente a sobrevivência dos tardígrados em vôo e demonstrou que os tardígrados são úteis para a pesquisa espacial.

Na Terra, eles estão em todos os lugares, das profundezas dos mares ao topo das montanhas, nas florestas tropicais e nos polos. Há cerca de 1.300 espécies conhecidas que formam o filo Tardigrada. Já foram encontrados no âmbar do cretáceo na América do Norte, surgiram há mais de 500 milhões provavelente.

Os tardígrados geralmente têm cerca de 0,5 mm de comprimento. Eles são curtos e rechonchudos, com quatro pares de pernas, cada uma terminando em garras ou discos de sucção. Tardígrados são encontrados em musgos e líquens e se alimentam de células vegetais, algas e pequenos invertebrados. Quando coletados, eles podem ser vistos sob um microscópio de baixa potência, tornando-os acessíveis a estudantes (de países do primeiro mundo).

Embora sejam resistentes a situações extremas, cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, descobriram que o aquecimento global pode ser uma ameaça para eles. Uma pesquisa de 2018 já alertara que a espécie de tardígrado que vive na Antártida, a Acutuncus antarcticus, poderia ser extinta devido ao aumento da temperatura dos oceanos.

Em janeiro de 2020, os pesquisadores da universidade dinamarquesa publicaram um estudo na revista científica Scientific Report apontando que outra espécie, a Ramazzottius varieornatus, encontrada nos países nórdicos, também sofre ameaça de extinção. Mais um alerta aos políticos!

COMPATILHAR: