Com 24 anos de experiência no comércio, Roberto Santos tem percebido no balcão de suas lojas a mudança no comportamento do consumidor neste 2020. “As pessoas estão pensando duas vezes antes de comprar”, diz. Essa cautela que atinge o bolso do brasileiro deve se esticar até o Natal e resultar em queda de 35% das vendas. É o que revela pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

O comerciante da capital já prevê o faturamento menor, se comparado ao ano passado. “A alta do dólar provocou aumento no valor da matéria-prima, e os custos subiram. Parte disso acaba sendo repassado ao consumidor final”, diz o empresário, à frente da Quase Tudo Presentes e Variedades. Ele calcula cerca de 30% a menos nas vendas para o período natalino.

O levantamento da CNDL, feito em parceria com a Offer Wise Pesquisas, estima que 54% dos consumidores das cidades brasileiras devam comprar presentes no próximo Natal. Em 2019 esse índice foi de 77%. O valor em vendas deve despencar dos R$ 60 bilhões (2019) para R$ 38,8 bilhões (2020).

A alta de preços citada por Santos já é percebida por 65% dos participantes do mapeamento, que afirmam que os presentes estão mais caros. Pesquisar preços será a tática utilizada por 84% dos clientes consultados, seja em sites, aplicativos e redes sociais. Além da elevação de preços, a falta de produtos também vem atrapalhando o planejamento do lojista. “Para quem trabalha com importados o sofrimento é maior. Não estou encontrando 25% das minhas encomendas, como caixinhas de som, cabos e acessórios para celular”, informa Santos.

Os comerciantes contextualizam a queda nas vendas com o momento de pandemia, e compreendem o clima de insegurança financeira que afeta o consumidor. “A alta do desemprego e o fim do auxílio emergencial nos próximos meses contribuem para esse cenário. Ainda assim, a data continua sendo a principal época de compras dos brasileiros e trará uma importante movimentação para o setor, que conta com as vendas do Natal para a retomada econômica”, afirmou José César da Costa, presidente do CNDL.

Clientes preferem comprar na internet

Como esperado, as compras online se difundiram ainda mais entre a freguesia, de forma que o local mais citado para efetuar as compras no próximo 25 de dezembro foi a internet e lojas online, com 47% das respostas.

 O comerciante que demonstrar facilidade com o uso das mídias sociais estará alguns passos à frente, e esse domínio é o que tem deixado Alcione Portela com as finanças em dia. Em sua loja Mimos e Cheiros, no Barreiro, a previsão é ter faturamento igual ao registrado no Natal de 2019. “Minhas vendas não caíram por causa do Instagram e delivery”, avalia. Como por ali as vendas de Dia das Mães, dos namorados e dos Pais bateram recorde – mesmo quando a loja estava de portas fechadas , Alcione aposta que o mesmo deve acontecer no feriado do Papai Noel. “Meu volume maior de vendas ainda está sendo por entregas. As pessoas continuam se preservando. E eu mando uma sacolinha de presente cheirosinha”, diz.

Fonte: O Tempo Online

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