O Grupo Volkswagen anunciou que suspenderá temporariamente a produção de seus carros elétricos em duas de suas fábricas na Alemanha, devido à demanda abaixo do esperado. A paralisação ocorrerá em meados de outubro nas unidades de Dresden e Zwickau, ambas localizadas no estado da Saxônia.
Segundo a montadora, a produção será interrompida durante a primeira semana das férias de outono, que começam em 6 de outubro. A decisão, de acordo com um porta-voz da empresa, visa “adaptar o cronograma de produção à situação do mercado”.
A fábrica de Zwickau, que atualmente produz os modelos elétricos Volkswagen ID.3, ID.4, ID.5, CUPRA Born e Audi Q4, ficará parada por uma semana. Em Dresden, onde também é fabricado o ID.3, a interrupção será definitiva até o final de 2025, conforme acordo firmado com representantes dos trabalhadores no final de 2024. O plano prevê ainda a eliminação de mais de 30 mil postos de trabalho até 2030, o que representa cerca de 29% da força de trabalho da empresa na Alemanha.
Além das unidades da Saxônia, outras fábricas também serão afetadas. Em Hanover, onde são produzidos o ID.Buzz e a Multivan, a paralisação já foi confirmada. Fontes da Bloomberg indicam que a fábrica de Emden — responsável pela produção das novas versões sedã e perua do Volkswagen ID.7, além de parte da produção do ID.4 — também terá a produção suspensa temporariamente.
O cenário negativo da montadora alemã reflete uma tendência mais ampla da indústria automotiva europeia. Embora os números mostrem crescimento nas vendas de carros elétricos no país, concessionárias alertam que esse aumento pode ser ilusório diante da real capacidade de absorção do mercado.
A situação levanta preocupações quanto à viabilidade dos planos da União Europeia de eliminar os motores a combustão até 2035. Como maior fabricante de carros elétricos na Europa e segunda maior do mundo, a dificuldade da Volkswagen em manter a produção frente à baixa demanda pode pressionar a Comissão Europeia a rever as metas de eletrificação do setor automotivo.
A Volkswagen segue, assim, o mesmo caminho da Stellantis, que também suspendeu a produção de veículos em várias fábricas europeias. A Ford, por sua vez, anunciou em setembro o corte de até mil empregos em sua planta de Colônia, dedicada exclusivamente à produção de carros elétricos.
Além das montadoras, fornecedores também enfrentam dificuldades. A Bosch, uma das principais fabricantes de autopeças, anunciou a eliminação de 13 mil empregos adicionais na Alemanha, citando igualmente a fraca demanda por veículos elétricos.
Com as principais fabricantes revisando sua produção e reduzindo pessoal, o futuro dos veículos elétricos na Europa entra em uma fase de incerteza, colocando em xeque as metas ambientais e industriais do bloco.
Com informações do jornal Terra
