O governador Romeu Zema (Novo) saiu em defesa do “tratamento precoce” contra a Covid-19 na quarta (18). Segundo ele, o combate à virose com remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina acelerou a alta de pacientes, principalmente no ano passado.

“Entre o início da pandemia, que foi em abril do ano passado, e o mês de agosto, nós tivemos uma melhoria muito grande no que diz respeito ao tempo que as pessoas ficavam internadas exatamente por causa do tratamento precoce”, afirmou o chefe do Executivo estadual à jornalista Leda Nagle.

“Se não fosse o tratamento precoce, o colapso já teria acontecido”, completou Zema. Apesar disso, o governador do Novo afirmou que não assumiu o protocolo por meio da Secretaria de Estado de Saúde por não haver comprovação científica.

“O protocolo precoce, vale lembrar, pode ser utilizado por cada médico. Ele não pode ser é imposto, forçado pelo estado. Porque muitos deles ainda não têm uma comprovação científica, que dê o conforto para o gestor da Secretaria de Saúde ou do Ministério da Saúde”, disse.

Diante da fala do governador, a reportagem ouviu o infectologista Geraldo Cunha Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para comentar as declarações. 

“É absolutamente falso. Estudos mostram que esse “tratamento precoce” não faz isso de forma alguma. Tanto é que não é recomendada por qualquer organização séria do mundo: OMS (Organização Mundial da Saúde), NHS (National Health Service, o serviço de saúde pública do Reino Unido), o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por exemplo”, afirma.

E o especialista explicou os perigos que circundam a fala do governador, sobretudo no comportamento da população. 

“É uma informação falsa que cria mais confusão e ajuda o vírus a se espalhar mais, porque tem gente que toma esses medicamentos e acha que está protegida do vírus”, diz. 

Jornalista defendeu ivermectina  

Entrevistadora de Romeu Zema na quarta, Leda Nagle ficou nove dias internada em estado grave com a Covid-19 no fim do ano passado. 

Quando se recuperou da doença, ela defendeu os efeitos da ivermectina em sua recuperação. O medicamento compõe o kit do tratamento precoce sem comprovação científica.

“Os médicos admitem, eu falei com vários, eles foram muito atenciosos, que a ivermectina de quinze em quinze dias pode ter ajudado meus sintomas a não serem tão fortes”, disse em vídeo postado na internet. 

Futuro 

Ainda durante a entrevista à jornalista Leda Nagle, Romeu Zema afirmou que prevê uma melhora nos indicadores da pandemia no estado somente em maio.

“Mas, eu estou otimista, porque com a vacina chegando, esses casos tendem a reduzir. Eu espero que no mês de maio nós vamos já ver o sol brilhando. Mas, vamos ter um mês de abril ainda complicado”, alertou.

O governador também lamentou a lentidão da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. E disse que não teve outra alternativa para salvar vidas que não fosse a imposição de medidas duras a favor do isolamento social, a partir da onda roxa.

“Fizemos tudo que era possível. Essas medidas foram suficientes até 15 dias atrás. A grande questão foi o surgimento dessa variante do coronavírus, que acelerou em muito o processo de transmissão. Essa segunda onda que fez com que nosso sistema viesse a entrar em colapso”, explicou. 

Números 

Minas Gerais soma, até quinta-feira (18), 1.003.104 casos confirmados de Covid-19 e 21.303 mortes. O estado tem vivido um caos nessa semana, com colapso do sistema de saúde de muitas cidades, entre elas Belo Horizonte.

Apesar disso, o governador afirmou à jornalista Leda Nagle que “o pior já passou”, diante da chegada da vacinação. 

Fonte: Estado de Minas

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