Classicos do Radioamadorismo

A Geloso, fundada em 1931 por Giovanni Geloso, era um fabricante italiano de rádios, televisores, amplificadores, receptores amadores, equipamentos de áudio e componentes eletrônicos, que tinha sede em Milão, Viale Brenta 29.

Em 1931 eles começaram a produzir não apenas conjuntos de rádio, mas também, pela escolha de “John Geloso”, a maioria dos componentes eletrônicos com que foram construídos desenvolvendo e patenteando também muitos outros.

Após a Segunda Guerra Mundial, Geloso expandiu sua produção, tornando-se, a partir de 1950, um verdadeiro ponto de referência para os entusiastas da eletrônica domésticos.

Os inúmeros produtos sob a marca Geloso eram conhecidos em toda a Itália e muito apreciados no exterior. Foram produtos inovadores, de alta qualidade, bem feitos e de baixo preço. A grande produção foi formada por rádios, amplificadores, gravadores, televisores, caixas de montagem, instrumentos de laboratório profissional etc., mas também componentes como capacitores, resistores, potenciômetros, interruptores, conectores, transformadores, microfones, etc.

Giovanni Geloso nasceu na Argentina 10 de janeiro de 1901, onde seus pais italianos moraram temporariamente fora da Itália. Toda a família se mudou de volta para Savona, Itália em 1904, onde John/Giovanni estudou na escola náutica.

Depois de concluir os estudos, Giovanni começou uma oficina eletromecânica onde eram fabricados itens patenteados por ele. Em 1920 ele foi para os EUA, e começou a trabalhar para a Pilot Electric Manufacturing em Nova York e a frequentar a University Square Copper. Após a formatura, em 1925, foi nomeado engenheiro-chefe do presidente da Pilot, Isidor Goldberg, que tinha percebido do potencial do jovem italiano.

 

I1JGM – Giovanni Geloso (1901-1968), Imagem: Internet.

Giovanni foi capaz de resolver a maioria dos problemas que afetavam, naquele tempo, no desenvolvimento do rádio, como a alimentação de receptores AC, o comando único para a mudança de frequência, as melhorias acústicas etc.

Em 1929, ele Giovanni, estava profundamente comprometido com o projeto do Pilot Super Wasp Receptor, o primeiro receptor de ondas curtas completamente AC-operado no mercado. Giovanni estava interessado principalmente nos aspectos mecânicos de substituir bobinas de plug-in, comumente utilizadas nesse momento para atingir o funcionamento multi-banda, com um mecanismo de construção altamente engenhosa com base em interruptores operados por cames.

 

 

Monobloco Patenteado por Giovanni Geloso, utilizado nos Rádios Delta de fabricação nacional. Imagem: Internet.

Em 1931, ele retornou a Milão, Itália para a criação de seu próprio negócio.

O mais conhecido de todos os fabricantes de equipamentos nacionais para radioamadores, a Delta foi fundada em 1950 por Felicíssimo de Oliveira Junior, Fernando Oliveira e Gino Pereira dos Reis e era estabelecida em São Paulo.

Naquele mesmo ano importaram monoblocos da Geloso italiana, passando a produzir o Delta 208, um receptor de AM.
Em seguida lançaram o receptor Delta 209, com BFO.

Produzindo seus próprios monoblocos, lançou o receptor Delta 309. O primeiro transmissor de AM foi o Delta Geloso 210, cópia do Geloso 210, com a válvula 807 na saída.

Em 1962 lançaram o Transmissor Delta 310. Pouco tempo depois introduziram algumas alterações nesse transmissor, rebatizado de Delta 310-1, e pouco tempo depois, o Delta 310-II.

Também foi produzida uma unidade de potência chamada Delta 370 e um amplificador linear, chamado de Delta 1000, com quatro válvulas 811.

No final da década de 1960 a Delta produziu o transmissor Delta 340 que modulava em SSB por rotação em fase, sem filtro mecânico e confundido com DSB, para as faixas de 40, 20 e 15 metros. O Delta 340 tornou-se um transceptor caro e de difícil ajuste e foram produzidas algumas unidades mas a Delta abandonou o projeto.

No início da década de 1970 a Delta lançou o Delta 100 que operava na faixa de 80 metros e modulava em AM e lançou também o famoso Delta 120 para as faixas de 40 e 80 metros modulando em AM e CW.

Com o sucesso do Deltinha 120, como o rádio era conhecido, a Delta lançou em 1975 o transceptor Delta DBR 500 que era multi-banda, modulava em SSB e utilizava 2 válvulas 6kd6 na saída, com uma potência de 400 watts, e com recepção já transistorizada.

O sucesso do Delta 500 foi tanto que a fábrica logo inovou com os novos modelos o Delta DBR500 II e no ano de 1982 o Delta DBR 550 que possuía display digital e mostrava a frequência sintonizada.

Inovando sempre em 1985 a Delta lançou seu primeiro rádio VHF o DBR 525 que era um transceptor sintetizado para a faixa de 2 metros que possuía condições de armazenamento de memórias, subtom e 25 watts de potência máxima. Pelo que se sabe poucos DBR 525 foram produzidos apenas na condição de protótipos.

A década de 1980 foi um período difícil para o Brasil porque o país sairia de uma ditadura e a economia estava estagnada com inflação em alta e várias restrições na importação de equipamentos e componentes eletrônicos.

Com vários problemas financeiros, altos encargos sociais e trabalhistas, alta tributação, inflação, falta de materiais no mercado nacional, dolarização dos componentes e principalmente a concorrência do contrabando vindo do Paraguai, que colocava no mercado brasileiro equipamentos mais sofisticados com preços mais acessíveis, determinou o fim das atividades da Delta.

Com todos os problemas apresentados acima a Delta encerrou suas atividades no ano de 1987.

 

Foto: Rádio Receptor Delta 208, Fabricante Nacional Delta. Acervo pessoal de Alexandre Dezem Bertozzi – PU4ADB, dezembro de 2023.

 

Foto: Transceptor Delta DBR550II
Crédito da Imagem: https://www.rigpix.com/mischam/delta_dbr550ii.htm

 

Foto: Transceptor Delta DBR525 VHF
Crédito da Imagem: https://rigreference.com/rigs/5881-delta-dbr-525

 

 

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