Um experimento realizado pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) mostra que o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus, pode picar até mesmo por cima da roupa.
O estudo, desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa Biomética (Nupeb) da instituição, indica que mesmo sob tecidos a fêmea do mosquito pode picar devido ao tamanho do aparelho bucal.
“Esse inseto, essa fêmea, tem a capacidade de se alimentar mesmo a gente com roupa, porque ela tem o aparelho bucal longo. E, em contato com o tecido que está sobre a pele, ela consegue fazer com que o aparelho bucal atravesse a roupa, aquele tecido, e ela consegue se alimentar do sangue”, explicou a coordenadora do Nupeb-Ufla, Joziana Barçante. “A gente fez um ensaio preliminar porque vários estudos são feitos e imagens demonstradas com relação a outros insetos fazendo hematofagia [animal ou parasita que se alimenta de sangue] sobre tecidos”, completou.
A coordenadora explica que a capacidade de picar por cima da roupa foi a primeira parte do experimento, que agora vai continuar com testes, por exemplo, de espessura da vestimenta.
“Nós fizemos a demonstração que o Aedes aegypti [fêmea], realiza e tem o potencial de realizar hematofagia sobre a pele, inclusive sobre a luva. A partir desse primeiro insight, agora a gente parte para uma fase de um desenho experimental. A partir de agora a gente está fazendo um desenho experimental, onde vamos avaliar diferentes tecidos, com diferentes espessuras, com diferentes movimentos em relação à pele, um tecido mais frouxo, um tecido mais colado na pele, tecidos de diferentes colorações, de diferentes materiais, então isso agora entra a segunda fase“, disse.
Os testes para a realização do experimento são feitos com insetos não contaminados, criados em laboratório.
“A gente mantém uma colônia de insetos livres de infecção no laboratório que são utilizados para manutenção e a partir dessa colônia a gente faz os ensaios de repelência, ensaios de teste de compostos, por exemplo“, falou.
A possibilidade do mosquito contaminar com a picada através da roupa, liga o sinal de alerta para o uso correto do repelente. De acordo com a coordenadora do Nupeb-Ufla, a forma correta seria fazer o primeiro uso do repelente antes de vestir as roupas e depois, uma nova colocação, já com as vestimentas.
“Quando a gente fala de repelente, indiscutivelmente passar sob as áreas descobertas é o mais importante, pois é o que está mais atrativo para a fêmea desse inseto. Mas, como sabemos que mesmo com a roupa esse inseto vai ser atraído, é importante que antes de vestirmos a blusa e a calça, a gente passe o repetente no corpo e, assim que terminar esse repelente, vestir a vestimenta habitual para também evitar um pouco mais o contato com o inseto”, pontuou Joziana Barçante.
Dengue no Sul de Minas
Conforme dados divulgados esta semana pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o Sul de Minas chegou a 56,6 mil casos de dengue confirmados no Sul de Minas – veja os dados da região.
Varginha, que tem mais de 11 mil casos confirmados, segue puxando a fila de confirmações. Só nesta semana, foram +1.119 na cidade. Três Corações (+774), Boa Esperança (+408) e Cruzília (+356) aparecem na sequência como as cidades onde a doença mais aumentou.
Fonte: G1 Sul de Minas