Um novo formato de golpe aplicado por criminosos via WhatsApp tem se espalhado rapidamente por Minas Gerais e preocupa autoridades. Conhecido como o golpe do “falso advogado”, a fraude consiste no envio de mensagens por pessoas que se passam por advogados e cobram transferências bancárias indevidas, utilizando indevidamente fotos e informações reais de profissionais do Direito.

De acordo com estimativa da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB-MG), somente em 2025 já foram registradas cerca de 500 ocorrências desse tipo de crime, com uma média de 60 novos casos por mês.

Criminosos usam dados reais para aplicar golpes

As mensagens falsas são direcionadas, geralmente, a pessoas com processos judiciais em andamento. Os criminosos conseguem acesso a informações como número do processo, nome das partes envolvidas e dados dos advogados, muitas vezes por meio do próprio sistema dos tribunais.

Um morador da Região Metropolitana de Belo Horizonte relatou que quase caiu no golpe. Com um processo judicial contra uma empresa aérea, ele recebeu mensagens no WhatsApp de números desconhecidos, com a foto real de seu advogado, afirmando que a ação havia sido concluída.

“Na hora, eu mandei mensagem para o meu advogado para ver se era ele mesmo. Era a mesma foto. Isso aconteceu duas vezes, sendo que minha audiência vai ser no dia 22, então não era possível a ação ter finalizado”, contou ele, pedindo para não ser identificado.

Ações mais visadas pelos golpistas

Segundo o presidente da OAB-MG, Gustavo Chalfun, os criminosos têm se aproveitado, principalmente, de ações trabalhistas e previdenciárias, como processos de aposentadoria e revisão de benefícios. No entanto, outros tipos de ações, como indenizações cíveis, também estão na mira dos golpistas.

“Essas ações geralmente envolvem liberação de valores para um público que, em muitos casos, não tem familiaridade com os trâmites judiciais, o que facilita a aplicação do golpe”, explica Chalfun.

Para ele, a digitalização dos processos, a popularização dos aplicativos de mensagens e até o uso de inteligência artificial têm favorecido a propagação desse tipo de fraude.

Medidas da OAB e orientações à população

A OAB-MG tem promovido campanhas informativas voltadas à sociedade e à classe jurídica, com o objetivo de prevenir esse tipo de golpe. Entre as ferramentas disponíveis está o Confirma ADV, que permite verificar se o e-mail ou os dados de contato de quem se identifica como advogado são realmente válidos e estão vinculados a um profissional regularmente inscrito na Ordem.

“No momento do cadastro ou atualização na OAB, o advogado informa seus contatos oficiais. Esses dados ficam no nosso banco de dados. Se um cliente tiver dúvidas, pode consultar o Confirma ADV para verificar se o número da OAB e o e-mail profissional conferem”, orienta Chalfun.

Investigação depende da vítima

A Polícia Civil de Minas Gerais informou, por meio de nota, que os casos de golpe pelo WhatsApp só podem ser investigados mediante representação formal da vítima. A orientação é que as pessoas lesadas compareçam à delegacia mais próxima com provas e documentos que comprovem a tentativa ou a ocorrência do golpe.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) foi procurado para comentar sobre a exposição dos dados nos sistemas judiciais, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

Diante do aumento expressivo desse tipo de golpe, a OAB-MG reforça o alerta para que cidadãos redobrem a atenção ao receber mensagens suspeitas, especialmente relacionadas a processos judiciais. Confirmar a identidade do advogado e nunca realizar pagamentos sem verificação são passos essenciais para evitar prejuízos.

Com informações do Hoje em Dia

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