Em uma das regiões mais remotas do nordeste indiano, a determinação de um agricultor transformou um deserto de areia em um verdadeiro santuário verde. Jadav “Molai” Payeng, nascido em 1963, passou mais de quatro décadas plantando árvores diariamente — sozinho, sem ajuda de governo, ONGs ou financiamentos. O resultado desse esforço solitário é a Molai Forest, uma floresta com impressionantes 550 hectares, maior que o Central Park, em Nova York.

A jornada de Payeng começou em 1979, quando ele ainda era adolescente. Após uma enchente devastadora nas margens do rio Brahmaputra, ele presenciou a morte de dezenas de cobras expostas ao sol em uma faixa de areia árida. O impacto daquela cena despertou nele uma decisão que guiaria toda a sua vida: plantar árvores para restaurar o equilíbrio ambiental.

Sem qualquer formação técnica, Payeng iniciou o reflorestamento com bambus, escolhidos por sua rápida adaptação e utilidade no controle da erosão. Ao longo dos anos, introduziu espécies nativas, recolheu sementes à mão, carregou água em baldes sob o sol escaldante e protegeu as mudas de animais. O que parecia uma ação isolada e improvável, com o tempo, transformou-se em uma floresta densa, rica em biodiversidade e com ecossistema próprio.

Durante muitos anos, a existência da floresta permaneceu desconhecida do público. Apenas nos anos 2000 a história de Payeng foi descoberta por jornalistas locais e ganhou repercussão internacional. Desde então, sua trajetória vem sendo contada por veículos como a BBC e a National Geographic, e tem inspirado projetos de reflorestamento comunitário em diversas partes do mundo, incluindo África, América Latina e escolas ao redor do globo.

Foto: Reprodução/ Metrópoles

Em 2012, Jadav Payeng foi oficialmente homenageado pelo governo da Índia, e, em 2015, recebeu reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) por seu impacto ambiental. Conhecido hoje como o “Homem-Floresta” da Índia, ele representa um símbolo de resistência e ação individual frente ao desmatamento e às mudanças climáticas.

Mais do que plantar árvores, Jadav Payeng plantou um legado. Sua floresta é uma prova viva de que a ação de uma única pessoa pode transformar a paisagem — e a consciência — de um planeta inteiro.

Com informações do Metrópoles

 

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