O chanceler alemão, Friedrich Merz, gerou forte repercussão no Brasil após comparar o país de forma depreciativa com a Alemanha durante discurso no Congresso Alemão do Comércio, realizado em 13 de novembro. Suas declarações, feitas ao relatar a participação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, foram consideradas ofensivas por autoridades brasileiras.

No evento organizado pela Handelsverband Deutschland (HDE), principal federação do varejo alemão, Merz afirmou que a Alemanha é um dos “mais bonitos do mundo” e citou que jornalistas que o acompanharam à COP30 teriam ficado aliviados ao deixar Belém. “Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, a noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos.” O discurso foi transcrito e disponibilizado pelo governo alemão e publicado no site e no YouTube do Congresso.

Segundo a Deutsche Welle (DW), Merz buscava, ao fazer a comparação, incentivar o público a valorizar o ambiente comercial “próspero e livre” da Alemanha. As declarações, no entanto, provocaram reações imediatas no Brasil. Nessa segunda-feira (17), o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), classificou a fala como “arrogante e preconceituosa”. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também criticou Merz nas redes sociais: “Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia. Um discurso preconceituoso do chanceler alemão”, escreveu na rede X.

A polêmica levou outras autoridades alemãs a se manifestarem. Um dia após a repercussão, o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, afirmou que o Brasil é “um país maravilhoso” e lamentou não poder permanecer mais tempo após a COP. “Brasil é um país maravilhoso, com um povo acolhedor e bom anfitrião. Pena que não poderei ficar mais tempo após a COP. Teria algumas ideias, por exemplo, pescar com os meus amigos da Amazônia”, disse em postagem no Instagram.

Em resposta à BBC News Brasil, um porta-voz do governo alemão declarou nesta terça-feira (18) que Merz lamentou não ter tido oportunidade de conhecer “a beleza natural deslumbrante” da Amazônia durante sua passagem pelo país. O chanceler esteve em Belém para a Cúpula dos Líderes, onde se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e anunciou a participação da Alemanha no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). “Vamos contribuir com quantia considerável”, afirmou em entrevista coletiva, embora o valor não tenha sido confirmado.

O TFFF é uma das principais apostas do governo brasileiro para financiar ações voltadas ao combate às mudanças climáticas. Lançado oficialmente na última semana, o fundo tem a expectativa de arrecadar até US$ 125 bilhões no longo prazo.

A controvérsia em torno das declarações de Merz expôs sensibilidades diplomáticas e reforçou a importância do diálogo entre Brasil e Alemanha, especialmente num momento em que ambos os países discutem cooperação ambiental e investimentos na preservação da Amazônia.

Com informações da BBC News

 

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