A partir de novembro, as cidades, os shoppings e as lojas se iluminam em preparação para as festividades natalinas e de final de ano. Observa-se uma diminuição no ritmo de trabalho, de treinos e de estudos. Tudo fica mais lento, com exceção dos planos individuais de mudanças radicais para o ano seguinte.

Concomitantemente às festas universais, surgem celebrações locais, sendo o Festival de Verão de Salvador um exemplo proeminente. Já em janeiro, iniciam-se os ensaios de blocos e escolas de samba, e o País inteiro direciona suas atividades em torno do Carnaval até o final de fevereiro. Salvador, Rio de Janeiro e Recife lideram, mas todas as cidades, clubes e condomínios promovem seus festejos próprios.

Mal o Carnaval se encerra, as sanfonas nordestinas anunciam as festas juninas. Nesse período, o fluxo de pessoas entre regiões se intensifica: o Brasil se mobiliza para ir ao Nordeste, e o Nordeste se organiza para receber o Brasil. Os períodos dessas festas são longos, frequentemente aumentando sua duração e chegando, por vezes, a mais de um mês, como exemplificam os São Joãos de Caruaru e Campina Grande.

Além disso, existem os grandes eventos isolados que demandam a mobilização da administração pública em determinadas cidades ou regiões: o The Town e Lollapalooza em São Paulo, o Rock in Rio, Parintins com seus bois famosos, a Festa do Peão de Barretos. Recentemente, a realização de um megashow em Copacabana, pela prefeitura do Rio de Janeiro, com um artista de primeira linha mundial, ilustra a magnitude dessas iniciativas. Estes são apenas exemplos de uma vasta gama de eventos, muitos dos quais têm suas imitações em todo território nacional.

Somam-se a estas as festas religiosas anuais, que também canalizam as atividades e arrastam multidões.

Durante o período da realização desses eventos, as emissoras de televisão adaptam suas grades para transmissões ao vivo. Agentes policiais são retirados dos já carentes bairros para reforçar o contingente nas imediações das festividades. Os governos, por sua vez, injetam grandes somas de dinheiro público, transferindo diretamente fortunas aos organizadores, muitas vezes sem controle efetivo, ou na contratação de artistas por valores estratosféricos.

Em defesa desta festividade permanente, autoridades e especialistas argumentam que esses eventos geram recursos para os municípios e estados. No entanto, o impacto financeiro raramente atinge a população de modo geral. Lucram os comerciantes, os barraqueiros e alguns profissionais ligados ao tipo de festa, como costureiras. Isto contrasta com o investimento em um hospital bem equipado, uma praça bem arborizada ou uma estrada bem asfaltada.

Essas festas servem, em grande parte, como um mecanismo de diversionismo ilusório, que desvia a atenção de problemas sociais graves exatamente para evitar as reivindicações populares intensas por serviços básicos que ainda faltam a dezenas de milhões de brasileiros desassistidos.

 

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