Três cidades se uniram para celebrar um dos marcos da democracia em Minas Gerais: a primeira eleição, ocorrida há 300 anos em Mariana, Ouro Preto e Sabará. Uma série de eventos comemorativos está sendo organizada e será realizada até agosto do ano que vem.
A pioneira foi a Vila de Nossa Senhora do Carmo, atual Mariana, que, em abril de 1711 escolheu seus primeiros representantes. Marco dessa passagem é o imponente casarão do século XVIII na praça Minas Gerais, no centro histórico. É a Casa de Câmara e Cadeia, para onde, há 299 anos, os homens bons da antiga vila foram convocados pela Coroa Portuguesa para eleger os seis primeiros membros do Senado da Câmara.
A criação da instituição, de acordo com o professor de História da Arte do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Alex Boher, teve o objetivo de controlar a região mineradora e a organização social da vila.
Até então, era uma completa bagunça. As primeiras câmaras tiveram a difícil tarefa de manter a ordem nas vilas e de controlar a numerosa população da época, especialmente em Mariana. É o início da organização política em Minas, explica.
Após Mariana, foram criados os Parlamentos da Vila Rica (Ouro Preto), em julho de 1711, e da Real Vila (Sabará), em agosto. As primeiras casas formadas eram semelhantes às que existiam em Portugal.
Em Ouro Preto, a antiga Casa de Câmara e Cadeia é o edifício que agora abriga o Museu da Inconfidência.
Método
Os primeiros eleitos em terras mineiras eram escolhidos indiretamente. No total, o Senado era formado por seis integrantes: o mais velho e o mais moço eram os juízes, que dividiam a presidência da Casa, três vereadores – eleitos a partir de uma lista tríplice – e um procurador.
Os nomes eram colocados dentro de bolas de cera e guardados em uma urna lacrada. O mandato era de três anos e, a cada nova eleição, uma criança da vila sorteava os nomes dos que iriam exercer a governança.
Símbolo da primeira eleição em Minas Gerais, a urna de madeira utilizada na votação de 1711 é uma das relíquias preservadas pelo Museu Arquidiocesano de Arte Sacra em Mariana. O objeto, segundo a entidade, foi esculpido em cedro com detalhes em ouro, é de origem portuguesa e, há quase 50 anos, integra o acervo do museu.
Não apenas a população, mas os políticos deveriam conhecer a história da formação das câmaras, que começou por Minas, para entender qual o papel deles na sociedade, sugeriu Boher.

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