Na primeira edição do antigo Gazeta do Oeste (que deu origem ao Nova Imprensa), a manchete principal dava mostras de nosso comprometimento com a defesa do patrimônio deste Estado, em especial, quando este diz respeito ao Mar de Minas. Hoje, tudo indica, finalmente, que podemos comemorar a abertura de um caminho que trará a solução de um de nossos maiores problemas: o estabelecimento de uma cota mínima que garanta o multiuso das águas de Furnas.

Nossa manchete na edição número 1 informava: US$ 500.000.000 – é o valor pleiteado como adiantamento dos “royalties” devidos aos 34 municípios lindeiros ao Lago de Furnas.

Em fevereiro de 1997 já nos posicionávamos contra a privatização de Furnas. A partir dali, inúmeras matérias a respeito se seguiram e a cobertura de tudo quanto se relacionava com o lago aqui tinha espaço garantido. A famosa capa, replicada à época em jornais de grande circulação nacional, estampando a montagem de uma embarcação de nossa propriedade, cercada por camelos, sob ao título: “Aqui o Mar virou sertão”, foi talvez, o primeiro grito que ecoou nacionalmente contra o esvaziamento proposital do lago.

A cobertura das ações enérgicas do governador Itamar Franco, que posicionou tropas estaduais junto a Capitólio, numa clara manobra indicadora de que com a defesa dos interesses mineiros não se brinca, foi outro furo de reportagem do qual nos orgulhamos de ser partícipes.

E foi assim que também cobrimos e apoiamos todas as iniciativas voltadas para o fortalecimento das atividades que aqui se instalaram, atraídas para esta vasta e promissora região, com a promessa de manutenção das oportunidades de investimentos que o Lago de Furnas nos trouxe.

A geração de empregos e renda resultante em progresso econômico, fez com que os problemas que a inundação das terras férteis trouxe aos nossos antepassados, aos poucos viesse a ser esquecida.

A defesa das reivindicações daqueles que se dedicaram a negócios ligados à exploração turística, dos batalhadores da agropecuária, dos pioneiros na implantação dos inúmeros clubes, marinas junto aos investidores em outros empreendimentos imobiliários, assim como dos interesses dos piscicultores e de outros empreendedores, inclusive das iniciativas de promoção e venda da imagem do lago como sendo o “Mar de Minas”, para nós do Nova Imprensa, sempre foi prioridade! Jamais nos furtamos a dedicar páginas e páginas em favor destas causas.

Assim foi, como exemplo, quando, sob a liderança do empresário Jorge Norman Kutowa, batalhamos, nos organizamos e conseguimos que o então governo mineiro patrocinasse o projeto e a elaboração do Plano de Desenvolvimento Turístico Integrado do Lago de Furnas, subscrito pela Gerc Inartur Associados e Secretaria de Estado de Esportes, Lazer e Turismo.

A título de esclarecimento, lembramos que o grupo espanhol era, à época, reconhecido como um dos melhores no ranking mundial sobre assuntos relacionados com a atividade: turismo.

Pois bem. Os anos foram se passando e aos poucos nossas terras lindeiras a Furnas foram gradativamente perdendo seu encanto e valor. Os empregos foram minguando, os investidores procurando outros ramos e muitos deles, se endividando, e consequentemente ido embora, deixando para trás sonhos e muito investimento. Tudo porque nosso atrativo principal, a água, nos era, como que num passe de mágica, literalmente “surrupiada”.

De pouco adiantava a ajuda de São Pedro, pois, inexplicavelmente, quanto mais chovia, isto na última década, mais vazio ficava nosso lago.

O multiuso das águas pouco interessava ao tal Operador Nacional do Sistema (ONS), que hoje sabemos e comprovamos pelas declarações de dirigentes das Agências Reguladoras e da própria Furnas, tal água, dentre outras finalidades que não a de geração de energia, também servia para manter em níveis aceitáveis a hidrovia Tietê Paraná.

Finalmente agora, a partir de um vídeo postado por um grande conhecedor da matéria, da história de nossa região e do que representa este lago para todos nós, o grito de socorro e o alerta verbalizado pelo corretor João de Assis, com o apoio deste jornal e com o aval da Alago, através dos prefeitos dos municípios lindeiros e de outras lideranças, tal grito ecoou mundo afora, via redes sociais e pela divulgação em alguns órgãos de imprensa.

Com a adesão de grandes articuladores oriundos dos mais diversos municípios, os quais se valeram do poder de penetração das mídias sociais através da criação e da liderança em grupos como o “Pro-Furnas 762”, o “Todos por Furnas” e outros, ao que sabemos, já contando com mais de 200 mil seguidores, tal movimentação fez com que finalmente o clamor da região ecoasse onde precisava chegar: em Belo Horizonte e em Brasília.

Deputados estaduais, federais e senadores mineiros, com o apoio de seus pares até mesmo de outros estados, mobilizaram a direção de agências, ministérios e de outros penduricalhos federais e hoje, ao que fomos informados, contando com a adesão do governador e ciência do presidente da República, a reivindicação do que nos é de direito: que a cota mínima do lago respeite o limite de 762, quem sabe seja atendida.

Só assim, com o respeito à lei que prevê o multiuso de nossas águas, finalmente, o progresso retornará a esta região, ao se dar certeza ao empresariado que este fantasma que nos assola e é o responsável pelo caos atual, estará definitivamente extirpado de nossa história. Esvaziamento irresponsável do lago, nunca mais!
Concluindo e deixando de lado a euforia é hora de deixarmos também aqui, registrado: Justiça se faça a João de Assis (o homem do chapeuzinho), a Norman (in memória), a Zé Afonso, à Alago, ao deputado Professor Cleiton, ao senador Rodrigo Pacheco e a tantos que, incansavelmente, têm lutado em favor desta causa, com suas presenças onde se faz necessário ou pelas redes socais. E, se depender de nós, Medalha de Honra para Maria Elisa Kutowa e para o jovem Tadeu Alencar que tem, com brilhantismo e dedicação, na coxia, regido um batalhão de seguidores das mais diversas regiões do país, todos muito bem intencionados e comprometidos com esta causa e reunidos nos grupos que recentemente foram criados. Muitos destes, políticos, outros não, mas todos comungando de mesmo ideal: Defender Minas!

PS:- Ouvindo com atenção algumas falas havidas nas reuniões de quinta-feira (5) em Brasília, todas sobre este tema, em especial o contido na fala do senador Carlos Viana; pela facilidade de interlocução entre as agências reguladoras e a ONS e outras autoridades e, considerando os interesses econômicos envolvidos, que obviamente não são os dos mineiros, queremos crer que a luz no fim do túnel brilhará mais facilmente se a PEC de autoria do deputado estadual Professor Cleiton, muito bem embasada juridicamente, vier a ser aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

COMPATILHAR: