A crise financeira de 2008 deixou um legado de cicatrizes profundas na economia global, desencadeando uma série de medidas extraordinárias por parte dos principais bancos centrais. Cortes nas taxas de juros, afrouxamento monetário e expansão fiscal tornaram-se ferramentas essenciais na tentativa de evitar uma catástrofe econômica ainda maior.
Nos Estados Unidos, epicentro da crise, o Federal Reserve (Fed) desempenhou um papel crucial na contenção dos danos, implementando políticas agressivas para estabilizar o sistema financeiro e impulsionar a economia. No entanto, pressões políticas, especialmente relacionadas à guerra comercial com a China, começaram a minar a autonomia do Fed, levantando dúvidas dele ser independente em meio a turbulências econômicas.
Em 2019, prognósticos econômicos indicavam um cenário de taxas de juros persistentemente baixas, alimentando preocupações com a possibilidade de uma “japonização” da economia mundial. Esse fenômeno, caracterizado por décadas de estagnação e deflação, apesar das medidas de estímulo monetário, gerava incertezas sobre a eficácia das políticas econômicas convencionais.
No entanto, todas essas projeções foram abruptamente interrompidas com a eclosão da pandemia do Coronavírus em 2020. Governos em todo o mundo, incluindo o Brasil (em setembro de 2020 a taxa Selic era 2%), foram forçados a adotar medidas drásticas, como o isolamento social e a implementação de programas de auxílio emergencial, enquanto mantinham as taxas de juros historicamente baixas para sustentar a economia em meio à crise.
A pandemia, no entanto, gerou desequilíbrios nos preços e interrupções na cadeia de abastecimento, resultando em escassez de produtos essenciais, especialmente insumos médicos. O aumento dos índices de inflação tornou-se uma preocupação global, levando os governos a reconsiderar suas políticas monetárias e, eventualmente, a adotar medidas para conter a inflação, incluindo o aumento das taxas de juros.
O Brasil, entre os primeiros a responder à ameaça inflacionária, elevou suas taxas de juros, que em agosto de 2022 atingiram o pico de 13,75%. O resultado foi a queda da inflação e a consequente redução gradual das taxas de juros a partir de agosto de 2023.
Enquanto o Brasil já colhe os frutos do controle da inflação, o resto do mundo convive com altas taxas de inflação e persiste em ter também altos juros para tentar conter o ímpeto inflacionário, refletindo a complexidade dos desafios econômicos pós-pandêmicos. De outro lado, a China, maior produtor mundial industrial, para minimizar a economia em desaceleração, exporta para o mundo produtos baratos (roupas, brinquedos, carros, equipamentos, produtos químicos, etc.) e os demais países não optam por sobretaxar os produtos chineses, pois se por um lado ocorre uma piora das contas externas, os produtos chineses aumentam a concorrência e geram uma diminuição da inflação interna.
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