Os adesivos e chicletes de nicotina, utilizados por milhões de fumantes para largar o vício, não têm efeitos duradouros e o tiro pode sair pela culatra. Isso é o que revela um estudo sobre as terapias de substituição de nicotina para largar o hábito do tabagismo.
A pesquisa, lançada este mês, acompanhou cerca de 2.000 pacientes durante quatro anos. Os estudiosos passaram a observar o grupo de fumantes para verificar se a substituição da nicotina afetaria realmente suas chances de desistir do hábito com o passar de anos. As conclusões dos pesquisadores foi surpreendente: as chances de largar o vício de vez são as mesmas com ou sem os adesivos e chicletes.
Além disso, enquetes recentes revelam que os produtos de nicotina vendidos em farmácias e supermercados beneficiaram pouco os usuários – seja os que usaram como parte de um programa contra o fumo ou por conta própria.
Dessa forma, as conclusões geram discussões sobre a validade das terapias de substituição da nicotina. Esperávamos um resultado muito diferente, afirma Gregory N. Connolly, diretor do Centro de Controle Global de tabaco em Harvard, e coautor do estudo. Eu mesmo liderei um centro de tratamento durante anos, e nós investimos cerca de seis milhões de dólares em serviços de tratamento, comenta.
Para alguns médicos que tratam de pacientes fumantes, o resultado não foi surpreendente, uma vez que os pacientes usam tais medicamentos por conta própria, sem orientação. A condescendência do paciente é muito importante, afirma Richard Hurt, diretor do centro de dependência em nicotina da Mayo Clinic, que não esteve envolvida no estudo.
Para Hurt, produtos como o chiclete e o adesivo de nicotina são absolutamente essenciais, mas é preciso usá-los nas doses e combinações corretas, que atendam à necessidade de cada paciente. O médico afirma que a automedicação pode acabar prejudicando o processo de desligamento do vício.
Por outro lado, pesquisas médicas classificaram esses produtos como eficazes, pois tornam a vida dos fumantes mais fácil quando decidem de deixar o hábito, ao menos a curto prazo.
Estudos mais antigos – que aprovam a utilização das terapias – foram adotados como base para a construção de políticas públicas contra o tabagismo em diversos países.
Nos Estados Unidos, o mercado de substituição de nicotina decolou nos últimos anos, tendo a receita aumentada de US$ 129 milhões, em 1991, para mais de US$ 800 milhões, em 2007.

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