O deputado federal André Janones (Avante) admitiu a pré-candidatura à presidência da República em 2022. O parlamentar foi o entrevistado, nesta terça-feira (9), do Café com Política, da Rádio Super 91,7 FM.

Embora tenha apontado o apoio unânime dos diretórios estaduais do Avante, Janones ponderou que a eventual empreitada ao Palácio do Planalto depende da vontade dos eleitores diante da polarização posta nas pesquisas eleitorais das candidaturas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O deputado federal, à frente do primeiro mandato na Câmara dos Deputados, já havia cogitado a pré-candidatura em junho.

Conforme Janones, o próximo passo, enquanto pré-candidato, será abrir diálogo, já que uma eventual candidatura não depende apenas da vontade do próprio político. “Da parte do Avante, já sou pré-candidato à presidência da República, mas, como disse, depende de uma série de fatores, e, principalmente, da população querer. Apesar de eu reconhecer que existe um vácuo, o que predomina hoje é a polarização entre a extrema-direita e a extrema-esquerda. Está difícil para grande parte da população brasileira entender que existe vida além de dois candidatos”, observou. O parlamentar espera que, até outubro de 2022, o cenário possa ser modificado.

O vácuo citado por Janones seria a ausência de representatividade popular. “Não só no Congresso, mas na política como um todo”, pontuou. “Os incentivos em ter o meu nome como candidato à presidência vêm da camada mais pobre da nossa sociedade. Das pessoas que não têm voz, não têm vez e têm que escolher entre candidatos que não falam a sua língua e não entendem as suas necessidades, mas são honestos, e candidatos que entendem a língua e sabem o que o povo precisa, mas têm um passado que os descredencia do ponto de vista ético, moral e do combate à corrupção”.

‘PEC dos Precatórios não se justifica’

Durante a entrevista, o parlamentar ainda ressaltou o posicionamento contrário à PEC 23/2021 – conhecida como PEC dos Precatórios por uns, PEC do Calote por outros –, em tramitação na Câmara dos Deputados em segundo turno. Para Janones, a aprovação representaria a sobrevivência política de Bolsonaro, assim como de deputados nas eleições de 2022. “Esses são os verdadeiros interesses por trás da votação dessa PEC. (…) O Auxílio Brasil é o grande garoto-propaganda da aprovação da PEC. Há uma narrativa de que, sem a PEC, não teríamos o Auxílio Brasil, o que é mentira. A gente acordou com a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro já editou um decreto com regras do programa”, apontou. Ele entende que, caso seja rejeitada, o auxílio emergencial retornaria a ser pago.

Caso seja aprovada, a proposta permitirá o parcelamento no pagamento de precatórios – dívidas da União com pessoas físicas, jurídicas, Estados e Municípios já transitadas em julgado – a partir de 2022. A estimativa é de liberar cerca R$ 90 bilhões no Orçamento de 2022. Janones entende que a PEC 23/2021 não se justifica. “Antes de a gente falar sobre o porquê não aprová-la, deveriam mostrar para nós, parlamentares, o porquê de aprová-la. Ninguém conseguiu fazer isso. Os prejuízos da aprovação são enormes. Na minha visão, um dos maiores é a sensação de insegurança jurídica, uma vez que vai ter um calote em dívidas já reconhecidas pelo Judiciário”.

O deputado federal elogiou, por exemplo, a suspensão da execução das emendas do orçamento secreto. A decisão foi tomada na última sexta (5) pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber. “Faço votos de que o plenário do STF mantenha a decisão”, afirmou. Janones disse que a distribuição de emendas do relator em troca de aumentar a base do Governo no Congresso Nacional é muito prejudicial. “É um toma lá dá cá, uma compra de votos escancarada, que vai corroendo o Legislativo do nosso país. Isso se repete desde o Congresso até as Câmaras de Vereadores nos menores municípios mineiros”.  Ainda nesta terça, a ministra, por outro lado, negou a suspensão da tramitação da PEC.

Fonte: O Tempo

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