O governo atribuiu às condições climáticas a responsabilidade pelo apagão mais abrangente já registrado no Brasil, que deixou sem energia elétrica cerca de 100 milhões de pessoas em 18 Estados. Este foi um episódio que, Deus queira, não ocorrerá mais, afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
De acordo com dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) o país perdeu 28.800 MW (megawatts), 46% da carga do sistema interligado (todo o país menos RR, AM e AP) no momento do problema, às 22h13.
Além de Itaipu, que foi totalmente desligada pela primeira vez, deixaram de funcionar as usinas nucleares de Angra 1 e 2, no Rio, bem como todas as hidrelétricas de São Paulo. Pelo menos 15 linhas de transmissão foram desligadas. O Paraguai perdeu 980 MW ou 54% da carga do país.
Tanto o operador, como Furnas, como todos, chegaram à conclusão de que o que aconteceu foram descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes na região de Itaberá, em São Paulo, o que provocou um curto circuito em três circuitos que levam as linhas de transmissão de Itaipu para Itaberá, disse Lobão.
Dos 18 Estados afetados, em quatro deles (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo) a falta de energia foi total. Em Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia, Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco. Rio Grande do Norte e Alagoas houve falta parcial de energia.
Pelo menos 1.800 municípios foram afetados. O apagão provocou falha no sistema de telefonia e abastecimento de água em vários Estados.
Na lista da ONS não consta o Distrito Federal, que havia informado suspensão de energia em alguns pontos. O governo descartou a possibilidade de sabotagem ou ataque de hackers.
Ontem, o Ministério Público Federal abriu procedimento para apurar causas e responsáveis pelo problema. O apagão ocorreu às 22h14 e a energia começou a voltar, segundo o ONS, às 22h29 na região Sul. Os moradores do Acre contaram com luz às 22h39. Em Minas, a energia começou a ser restabelecida às 22h40, e o processo foi concluído por volta das 23h50. À 0h45 foi iniciado o restabelecimento de cargas no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. À 1h44 foi restabelecido o Sistema Interligado Nacional.
Em Minas 191 mil pessoas ficaram sem energia
A Cemig infomou que cerca de 112 mil consumidores na Região Metropolitana de BH foram afetados pelo apagão. No interior, 79 mil consumidores ficaram sem energia. O restabelecimento de energia ocorreu entre 22h40 e 23h30.
A empresa informou que a queda no sistema acionou automaticamente o Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac), que corta parte da energia para proteção da rede.
No Triângulo Mineiro, cerca de 35 mil consumidores ficaram sem energia e o restabelecimento ocorreu às 22h50. Na Região Oeste, foram atingidos aproximadamente 22 mil consumidores. Na Região Sul, os 22 mil consumidores afetados tiveram o fornecimento normalizado por volta das 23h30. Os consumidores residenciais das regiões Sudeste e Norte não foram atingidos.
Em BH, os bombeiros receberam oito chamadas de pessoas presas em elevadores. Já a universitária Aline Soares, de 22 anos, teve mais prejuízo, pois seu notebook parou de funcionar. Encaminhei a uma assistência técnica para ver o que pode ser feito, disse.
Apagão deixou 100 milhões no escuro
Queda de energia atingiu 18 Estados na noite de terça-feira. Em Minas Gerais 191 mil pessoas ficaram sem energia.