Uma ave marinha viajou 7.451 quilômetros dos Estados Unidos em Massachusetts e foi parar na praia de Regência, em Linhares, no Norte do Espírito Santo. O animal foi encontrado na terça-feira (17).

A ave da espécie Trinta-réis-boreal foi resgatada pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Petrobras.

Quando a ave foi levada para o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram) em Cariacica, na Grande Vitória, a equipe de biólogos e veterinários percebeu que o animal tinha uma anilha na pata.

Ao fazerem a pesquisa, as equipes descobriram que a ave possuía uma anilha estrangeira dos Estados Unidos de uma instituição científica chamada United States Geological Survey.

No sistema constava que a ave foi anilhada em 23 de julho de 2012 quando ainda era um filhote incapaz de voar.

Segundo o médico veterinário do Ipram, Luis Felipe Mayorga, a ave encontrada tem comportamento migratório e pode ser encontrada com frequência no litoral do estado.

“Essas aves se reproduzem no hemisfério norte, e quando se aproxima o inverno lá, se aproximando o verão aqui no hemisfério sul, elas migram para cá. No Espírito Santo, os bandos migratórios podem se aglomerar em bancos de areia na foz do Rio Doce”, explicou o veterinário.

O veterinário contou sobre a importância do anilhamento dos animais para pesquisas científicas. Segundo Mayorga, assim é possível saber informações ecológicas e hábitos de vidas dessas aves.

Mayorga disse ainda que o pesquisador, que estuda essa ave no lá no hemisfério Norte, quando ela migra e vai embora, não consegue acompanhar os bandos.

“Com os anilhamentos, você consegue ter um relatório mostrando as rotas migratórias. Ao longo do caminho vão ficando aves, que ficam fracas e morrem. O anilhamento permite construir o caminho por onde essas aves passam. Quando o sistema é comunicado a instituição original já é comunicada. Ou seja, lá nos Estados Unidos já sabem que a ave foi encontrada, onde foi ” explicou o veterinário.

O veterinário também explicou que qualquer pessoa que encontrar uma ave com anilha pode comunicar e colocar as informações em um programa que acompanha os animais.

Mayorga explicou que no Brasil é usado um programa realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) do ICMBio.

“O Ipram anilha todas as aves marinhas que solta. Qualquer pessoa pode comunicar, se quiser, não precisa ser pesquisador. Aqui mesmo no Brasil, se uma pessoa comum avistou uma ave com anilha e conseguiu o número, ou achou uma carcaça de ave com anilha, ela pode comunicar o CEMAVE. Essas informações são muito valiosas”, afirmou o veterinário.

Como a ave foi encontrada fraca, os médicos veterinários ainda estão realizando exames. Mas, de acordo com o médico veterinário, o animal deve ser solto aqui no estado mesmo, na Praia de Itaparica ou na Ponta da Fruta, em Vila Velha.

Fonte: G1

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