Ar condicionado ligado no máximo, água de coco gelada, roupas leves e muita disposição para aguentar o calorão de 31 graus. Belo Horizonte enfrenta um período de veranico que está perto de quebrar marcas históricas. Segundo o meteorologista do Centro de Climatologia MinasTempo Ruibran dos Reis, a temperatura já é superior à média de fevereiro (29 graus) e encosta no maior índice registrado neste mês ? 33 graus, em 1943 ?, desde o início das medições, em 1912.
Para quem planeja curtir o carnaval nas cidades históricas e interior de Minas, uma boa notícia: a estiagem vai até depois das folias de Momo. Portanto, sungas e biquínis na mala para curtir as cachoeiras depois das noites de farra.
?Poderemos ter chuvas isoladas em algumas áreas do estado, mas nada de temporais?, diz Ruibran, lembrando que não chove na Região Metropolitana de BH há uma semana. À noite e nas madrugadas, a temperatura está mais amena, devido à baixa umidade relativa do ar, que está na faixa de 35% a 40%, informa o meteorologista. O vento, mesmo fraco, ?também diminui a sensação de calor?.
Nesta terça-feira (2) à tarde, no Centro da capital, os termômetros de rua confundiam a cabeça dos moradores, pois marcavam até 34 graus. O meteorologista explica que a medição oficial é feita à sombra, enquanto os equipamentos instalados nas vias públicas, e sob os efeitos do sol, aumentam até cinco graus a marca.
O certo mesmo é que, para aqueles que trabalham de terno e gravata, só resta uma direção nesta canícula. ?Acostumar-se e seguir em frente?, assegura o advogado e poeta Paulo Geraldo Corrêa, de 79 anos, morador do Bairro Sion, na Zona Sul, mas que todo dia vai ao Centro. ?Uso terno há 45 anos, então já me acostumei. O importante é se hidratar bastante, tomar sorvete e, principalmente, um banho refrescante depois do batente?, diz o autor dos livros As cartas de amor que não te enviei e Confissões de amor no direito.
Por volta das 16h de terça-feira, nas praças Sete, Rui Barbosa (Estação), Assembleia e Raul Soares, cada um se virava ? e se escondia ? como podia. O guarda-chuva, deixado na bolsa para qualquer emergência, serviu para a mulher que passava apressada, na Rua da Bahia com Avenida Santos Dumont, se proteger do sol. E onde havia árvore, ou sombra de poste e água fresca, os moradores davam uma parada para chegarem inteiros ao fim do dia.
?Nunca vi um calor assim nesta época em Belo Horizonte?, comentou a funcionária da Assembleia Legislativa Luana Cristina Rodrigues Michalick, de 23, que curtia uma água de coco fresquinha, vendida no carrinho, a postos em frente à sede do Legislativo há 30 anos. ?É importante tomar água, mas é preciso avaliar a procedência?, alerta o vendedor, que não tem do que se queixar nesta estação. Perto dali, o engenheiro Carlos Nascimento, de 29, preferiu uma garrafa de água gelada e, claro, sombra e um banco para descansar.

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