O grupo JBS iniciou com José Batista Sobrinho, na década de 1950. José, que começou abatendo cinco cabeças de gado por dia, forneceu carne para os trabalhadores da construção de Brasília. Ele fez sua primeira aquisição em 1968 de uma fábrica de embalagens de carne em Planaltina.

Agora, a JBS, uma multinacional genuinamente brasileira, estuda a migração dos negócios para os Estados Unidos, após a delação premiada de executivos com o Ministério Público Federal (MPF) no Brasil, homologada pelo Supremo Tribunal Federal e com previsão do pagamento de multa no valor total de R$225 milhões.

A opção pela delação premiada teve o objetivo de garantir a sobrevivência do grupo JBS no exterior, especialmente nos Estados Unidos, melhorar a sua imagem e livrar-se de dúvidas no mercado financeiro. Cerca de 70% das operações da JBS estão no exterior e nos EUA tem 56 fábricas de processamento de carnes.

Nos Estados Unidos, a JBS negocia acordo de leniência com o Departamento de Justiça.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu cinco processos administrativos para investigar as delações dos acionistas controladores da JBS, indícios de eventual prática de crime de “insider trading” (negociação baseada no conhecimento de informações relevantes, que ainda não são do conhecimento do público) com dólar futuro e ações de sua emissão, atuação da companhia no dólar futuro, atuação do Banco Original no mercado de derivativos e negociações de ações de emissão da companhia.

A JBS não fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) no Brasil, pois o MPF solicitou o pagamento de R$11 bilhões, a serem pagos em 10 anos, e a JBS ofereceu R$1 bilhão.

No mundo dos negócios sempre existem os oportunistas de plantão para se aproveitarem das dificuldades de uns e, assim, obterem lucros com as oportunidades daí advindas.

É isto que vimos ocorrer recentemente com a Petrobras. Acusada e, na verdade vítima da corrupção, a Petrobras perdeu valor de mercado e a capacidade de gerar caixa para cumprir os cronogramas de investimento no pré-sal, tendo, ao final, de entregar para o capital internacional diversos campos de exploração de petróleo.

A Odebrecht e as outras empreiteiras brasileiras, envolvidas em esquemas de corrupção, tinham participação garantida em licitações de grandes obras e em concessões de aeroportos no Brasil. Agora constatam a chegada de empresas internacionais para concorrer com elas, sendo exemplo o fato de no leilão recente dos aeroportos de Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre, terem sido arrematados por empresas internacionais.

Neste momento, a JBS passa também por dificuldades por estar envolvida em esquemas de propinas e financiamento de eleições via caixa 2.

E é em todas estas situações de depuração nacional dos casos de corrupção que os oportunistas de “camarote” aplaudem a apuração dos crimes de corrupção e visualizam oportunidades lucrativas de negócios, causadas pela fragilização das grandes empresas nacionais.

Os americanos, por exemplo, não podem se vangloriar de terem empresas gigantes construídas somente com trabalho, sendo exemplo as multinacionais do ramo de petróleo, alavancadas com o apoio do governo americano no mundo todo para defender os seus interesses, inclusive com a utilização de seu poderio bélico. As empresas americanas cresceram com apoio do governo, pressão diplomática e apoio logístico. Os Estados Unidos é uma potência mundial e espalha histórias “romanceadas” e mentirosas da grande competência de suas companhias, por meio de suas agências de notícias e de sua indústria de entretenimento, onde os americanos são sempre mostrados como os “mocinhos” da história.

Nos Estados Unidos existem mais de 2 mil profissionais lobistas para defender interesses das empresas no Legislativo e Executivo, para a aprovação de projetos que lhe interessam e também para conseguirem favores de diversas espécies, seja menores tributos ou uma legislação mais parcimoniosa.

Neste sentido, para preservar o interesse nacional, a reputação das empresas e melhorar o nível de empregos, o Brasil precisa modernizar os Tribunais de Contas, a legislação para criar mecanismos legais de atuação dos contatos dos agentes privados e públicos e também a atuação dos agentes públicos na defesa das empresas nacionais. Se não fizermos melhoria nos nossos mecanismos legais, sempre haverá uma grande empresa com grandes interesses em jogo, tendo que pagar para conseguir seus objetivos, sendo acusada de pagamento de propinas, suborno e financiamento ilegal de campanhas eleitorais.

No caso específico atual, estamos certos em apurar todos os desvios da JBS, mas, de forma oportuna e esperta, o governo americano abre as portas para a JBS transferir a sua matriz do Brasil e lá gerar mais empregos e impostos, com a obrigação de se adequar à sua política de governança corporativa, contratar escritórios de advocacia e ter empresas de auditoria independente. Assim, o melhor seria o Brasil obrigar as empresas a adotar práticas iguais e não torná-las “vilãs” e “reféns” de um sistema político de financiamento eleitoral antiquado, ultrapassado e falido.

Com mecanismos legais a dar suporte aos políticos para defenderem as empresas nacionais, sem a necessidade de qualquer contrapartida, os políticos serão obrigados a interceder em prol das grandes empresas geradoras de divisas, empregos e impostos para o Brasil.

Nunca podemos perder de vista que o fortalecimento do capital e a geração de trabalho causam, obrigatoriamente, o engrandecimento da nação e a melhoria de condições gerais da população, e o seu contraposto é que empresas arruinadas geram menos empregos, menos giro de dinheiro, menos impostos, efeito em cascata com “quebra” de empresas ligadas direta ou indiretamente à empresa com imagem abalada, “quebras” de contratos, etc.

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