Criador do Menino Maluquinho, personagem com panela na cabeça que foi premiado e traduzido para inúmeros idiomas, o cartunista Ziraldo completa 90 anos nesta segunda-feira (24). A efeméride está sendo acompanhada de lançamentos de livros e de homenagens em feiras literárias.

Um dos livros que já estão chegando nas livrarias é “90 Maluquinhos por Ziraldo – Histórias e Causos”, organizado pelo cartunista e editor Edra, reuniu 45 cartunistas e 45 escritores, para contar um episódio, pitoresco ou significativo envolvendo Ziraldo. E todos se engajaram, mandaram seus “causos”, cartoons e suas fotos para enriquecer a obra.

Artistas de todo o Brasil estarão presentes no livro, entre eles: Angeli, Aroeira, Franco de Rosa, Jota, Mauricio de Sousa. Os depoimentos incluem nomes como Luis Fernando Veríssimo, Luis Pimentel, Manuel Filho, Marco Haurélio, Maria Gessy, Mariene Lino, Míriam Leitão, Naná Martins, Pedro Bandeira, Ruth Rocha, Zuenir Ventura.

Os clássicos “Bichinho da Maçã” e “Menina Nina” também estão apagando velinhas. Eles completam, 40 e 20 anos, respectivamente. Para ajudar na empreitada celebrativa, a Editora Melhoramentos publica edições comemorativas das duas obras. Outra novidade é “Especial Ziraldo 90 anos: Dicas para levar suas histórias e personagens para a sala de aula”, um eBook gratuito voltado para educadores.

Ziraldo também receberá uma homenagem muito espeicla durante a 3ª edição da Feira Literária de Tiradentes — FLITI, que acontecerá de 3 a 6 de novembro, na cidade mineira.

 

História

Formado bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, de Belo Horizonte, Ziraldo Alves Pinto enveredou desde cedo por atividades que exploravam a criatividade, talento revelado já na infância através de seus desenhos.

Nascido na cidade mineira de Caratinga, em outubro de 1932, o primogênito de sete irmãos, que foi batizado com a junção dos nomes dos pais, a costureira Zizinha Alves Pinto e o guarda-livros Geraldo Alves Moreira Pinto, sempre teve o incentivo da família para explorar seu talento. Tanto que, com apenas 6 anos, publicou seu primeiro desenho no jornal A Folha de Minas.

Leitor de escritores como Viriato Correia e Clemente Luz e apaixonado pelos quadrinhos de Hal Foster, Alex Raymond, V. T. Hamlin e R. B. Fuller, com 16 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro-RJ, onde cursou o científico, levando na bagagem sua produção de caricaturas, histórias em quadrinhos, cartazes políticos, ilustrações, contos e poesias.

Enquanto procurava trabalho, publicou desenhos em revistas como Coração, Sesinho, Vida Infantil e Vida Juvenil e O Malho. Dois anos depois, voltou para Minas Gerais, prestou serviço militar e ingressou na faculdade de Direito.

Já formado, em 1957 passou a publicar regularmente na revista A Cigana e, no ano seguinte, mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar na revista O Cruzeiro Internacional. Nos anos 1960, criou uma turma para o personagem Saci-Pererê, que já aparecia na revista O Cruzeiro, e acabou virando desenhista de histórias em quadrinhos com o lançamento da revista Pererê, da qual faziam parte o Saci e toda a turma. Uma coisa foi levando à outra e, em 1969, publicou o primeiro livro destinado ao público infantil, Flicts, que aborda a história de uma cor que não encontra seu lugar no mundo.

Nessa época, sua obra como desenhista e cartunista já havia conquistado reconhecimento internacional. Inclusive com premiações, como o Oscar Internacional de Humor, arrematado no 32.º Salão Internacional de Caricaturas, em Bruxelas, e foi o primeiro latino americano a ser convidado a fazer um cartaz para o Unicef.

Foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, ao lado de Jaguar, Claudius e Sérgio Cabral, entre outros, publicado de 1969 a 1991. Como sempre expressou suas posições políticas, durante a Ditadura Militar no país, foi preso diversas vezes.

 

Fonte: Estado de Minas

 

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