O número de casos de dengue disparou em Minas. Em menos de 15 dias, o total de doentes triplicou. O pico da enfermidade, no entanto, pode não ter sido atingido, vez que o período chuvoso ainda não terminou. Em meio à pandemia de Covid-19, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) não descarta uma epidemia causada pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

De acordo com o último boletim epidemiológico da SES, de 2 de fevereiro, 577 pessoas foram diagnosticadas com dengue neste ano, o que representa aumento de 224% em relação ao levantamento de cerca de 15 dias atrás, em 20 de janeiro, quando foram detectadas 178 infecções. Neste momento, outros 2,9 mil casos são classificados como prováveis e seguem em investigação. Nenhum óbito foi registrado nesse período.

Segundo a coordenadora Estadual de Vigilância das Arboviroses da SES, Danielle Capistrano, algumas regiões e municípios de Minas já apresentam um aumento da taxa de incidência. Por isso, ela não descarta uma epidemia concomitante à Covid-19.

577 casos de dengue em menos de 15 dias; Minas registra alta de 224% nos registros da doença

“A situação por si só já gera um alerta para Minas Gerais, porque temos altas infestações do mosquito. A gente já tem isso confirmado pela pesquisa do LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti), que os municípios fazem”, afirmou.

Em Belo Horizonte, o levantamento do LIRAa realizado em outubro passado apontou que 1,9% dos imóveis apresentavam larva do mosquito. Ou seja, a cada 100 locais visitados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), em quase dois foram encontrados focos do Aedes, número considerado de risco mediano.

De acordo com a representante da SES, o momento é de alerta. Com dois vírus circulando ao mesmo tempo, o sistema de saúde pode ficar sobrecarregado mais uma vez. Além disso, ela chama a atenção para um possível aumento de casos. “Com essas chuvas que vieram em janeiro, e que costumavam vir em dezembro, estamos empurrando o pico da dengue mais para frente”.

Além do repasse financeiro às prefeituras e do apoio às equipes de monitoramento, um comitê de enfrentamento das arboviroses avalia os municípios semanalmente. “Toda nuance de mudança, de aumento de taxa de incidência de casos, a gente faz o contato com as secretarias para acompanhar de perto”, completou Danielle Capistrano.

“Ano epidêmico”

De acordo com a professora do departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Erna Kroon, existe a possibilidade de vivermos o chamado “ano epidêmico”, período que ocorre a cada quatro anos e que registra um número de casos muito acima do normal.

No entanto, a especialista afirma que as condições climáticas ainda vão definir o cenário. 

“Por outro lado, temos uma circulação endêmica constante do vírus”, disse a especialista.

Fonte: Hoje em Dia

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