Começa nesta terça-feira (24) em Belo Horizonte o novo julgamento do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes da chacina de Unaí.

O crime ocorreu em janeiro de 2004, quando três fiscais do trabalho, que investigavam denúncias de trabalho escravo na região, e o motorista que os acompanhava foram assassinados em uma emboscada.

Antério Mânica chegou a ser condenado a 100 anos de prisão, em novembro de 2015, pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal de Minas Gerais. Ele foi considerado culpado do crime de quádruplo homicídio, triplamente qualificado por motivo torpe, mediante paga e sem possibilidade de defesa das vítimas.

No entanto, três anos depois, em novembro de 2018, ao analisar recurso interposto pela defesa do réu, a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a condenação e determinou a realização de novo julgamento. Por 2 votos a 1, os desembargadores acataram o argumento de que as provas do processo contra ele são “insuficientes”.

Para o Ministério Público Federal (MPF), há provas suficientes que demonstram o envolvimento de Antério Mânica na chacina.

Segundo o órgão, no dia anterior ao crime, um veículo Fiat Marea azul, igual ao da esposa do ex-prefeito, foi visto durante encontro entre os executores e os intermediários em um posto de abastecimento.

O MPF, inclusive, apresentou documentos do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) que confirmavam que o único carro com essas características na cidade de Unaí pertencia à mulher.

Além disso, foram identificadas ligações realizadas da fazenda do réu para a cidade de Formosa (GO), onde morava um dos pistoleiros.

De acordo com o MPF, outra prova importante é uma testemunha que disse ter visto, no dia anterior ao crime, uma reunião entre os envolvidos, incluindo Antério Mânica, na fazenda de Hugo Pimenta, acusado de ser intermediário na contratação dos pistoleiros.

O Ministério Público também apresentou como prova as investidas que o ex-prefeito já tinha feito contra as fiscalizações dos auditores na fazenda dele. Antério Mânica chegou a ligar para a delegacia do trabalho da cidade para reclamar que os fiscais estavam “incomodando” e ameaçando os interesses políticos dele na região.

Relembre o caso

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do Ministério do Trabalho Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados em uma emboscada na região rural de Unaí.

O trio investigava denúncias de trabalho escravo na região. O episódio ficou conhecido como chacina de Unaí.

Os irmãos Antério e Norberto Mânica são acusados pelo Ministério Público Federal de serem os mandantes do crime. Norberto foi condenado a 100 anos de prisão em 2015.

Os intermediários, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

Os matadores foram condenados em 2013. Eles já estavam presos preventivamente. Rogério Alan pegou 94 anos; Erinaldo Silva, 76; e William Gomes, 56.

Inicialmente, o processo tinha nove réus, mas Francisco Elder Pinheiro, acusado de ter contratado os matadores, morreu. Humberto Ribeiro dos Santos, segundo a defesa, teve a pena prescrita.

Fonte: G1

 

COMPATILHAR: