Quando olhamos para as decisões emanadas de Brasília, fica uma certeza: O Brasil gasta muito e gasta mal. Precisamos entender as razões destes gastos, que passam longe das necessidades dos brasileiros e alimentam privilégios vergonhosos. Vivemos uma aliança da corrupção com caos econômico, um círculo vicioso que se retroalimenta e que se não for debelado, seguirá consumindo as riquezas e a renda que produzimos no país.

As mazelas de nossa economia, que vão do desemprego até a inflação, possuem clara relação com a corrupção e o modelo de compadrio e privilégio em vigência no Brasil. Jamais solucionaremos os problemas de nossa economia se não atacarmos de frente a questão da corrupção, principal gargalo de dinheiro público que conhecemos. A Lava Jato provou que o sistema brasileiro está apodrecido e se não for reformado, condenará nosso país a instabilidade econômica e social.

Investimentos públicos de qualidade somente ocorrem em um sistema transparente e oxigenado, com respeito aos instrumentos legais e com atuação severa de órgãos de controle. Do contrário, o gasto público torna-se apenas instrumento para execução de desvios, dando corpo a um sistema podre e corrupto, que atua simplesmente pela sua manutenção no poder, gerando serviços de péssima qualidade para uma população cada vez mais empobrecida.

O Brasil não gasta pouco. Nossos gastos públicos são maiores que muitos países emergentes e proporcionalmente maiores que a maioria do mundo desenvolvido. Somos o país que mais gasta com proteção social, cerca de 13% do PIB, enquanto países desenvolvidos aplicam 7% de sua riqueza e emergentes 4%.

Somos o 7º país que mais gasta com funcionalismo, mais que Suécia e Inglaterra, nações com serviços públicos de alta qualidade. Como vemos, o Brasil gasta mal. Nosso modelo nacional de gestão pública é ultrapassado, somos reféns de corporações que visam apenas manter seus privilégios e a corrupção corrói qualquer chance de mudança.

É preciso que os brasileiros entendam que não faltam recursos. Falta seriedade com o dinheiro dos pagadores de impostos. Sobram gargalos de gastos. Faltam sistemas de controle efetivo. São cargos demais. Falta auditoria. Sobram esquemas. Falta punição. Sobra corrupção. Falta reação da sociedade. Sobram acordos de bastidor e compadrio. Falta meritocracia. Sobram empresas públicas. Nenhum país sobrevive com um sistema perverso assim. A mudança é urgente.

O Brasil precisa quebrar este modelo sob pena de estar condenado a miséria e a pobreza. Sabemos que nossa nação merece e pode mais do que isso. É preciso romper com o velho, com os mesmos projetos que jamais foram capazes de erguer nosso país ao patamar que sabemos poder alcançar. Se quisermos dar o primeiro passo em direção ao resgaste de nossa nação e de nossa economia, precisamos de meios efetivos para combater a corrupção e limitar o tamanho do governo.

Vivemos um círculo vicioso, uma aliança da corrupção com caos econômico. É preciso debelar este sistema perverso que se retroalimenta das misérias de nosso país.

 

  • Márcio Coimbra é Presidente da Fundação da Liberdade Econômica e Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal

 

 

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