Atlético e Cruzeiro fazem, domingo, às 19h, no Independência, o sexto clássico do ano (os três primeiros pelo Mineiro e os seguintes pelas oitavas de final da Copa do Brasil). Se na história dos duelos é complicado falar em favoritismo, não há dúvida de que Galo e Raposa chegam a mais um encontro, agora pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, em situações opostas.

E não só entre eles, como mostram as respectivas posições na tabela (o alvinegro é o quarto, enquanto o time celeste ocupa o 16º lugar, o primeiro fora da zona do rebaixamento). Mas também em relação ao início da temporada. Quem andava em baixa agora está em paz com o bom futebol e a torcida. E quem vinha de lua de mel, com direito a título, agora vive a pressão de reencontrar o melhor momento, em meio a um ambiente conturbado fora de campo.

O torcedor atleticano até se iludiu com a boa campanha na pré-Libertadores, que valeu ao time uma vaga na fase de grupos da competição, mas não precisou de muito tempo para se render à realidade. Sem padrão de jogo sob o comando de Levir Culpi e com poucas opções no banco, a eliminação numa chave com Cerro Porteño, Zamora e Nacional-URU se tornou inevitável.

Antes mesmo da decisão do Estadual, o técnico acabou demitido e a diretoria resolveu apostar em Rodrigo Santana, então no Sub-20. Não foi possível levantar a taça, mas a vitória sobre o Zamora em Barinas (Venezuela) garantiu presença na Sul-Americana. Aos poucos, jogadores como Alerrandro passaram a ter chances, enquanto outros criticados (Patric o melhor exemplo) viram o futebol crescer.

Na pausa para a Copa América, o grupo se viu reforçado com o retorno de Otero do empréstimo na Arábia Saudita; além das chegadas do lateral esquerdo uruguaio Hernández e do volante paraguaio Martínez. Uma lista que ganhará também o nome do atacante argentino Franco di Santo.

Ainda que em meio a um jejum de gols de Ricardo Oliveira, o time se manteve nas primeiras posições do Brasileirão (o que, hoje, daria vaga direta na Libertadores 2020); acabou vendendo caro para o rival a eliminação na Copa do Brasil e segue na Sul-Americana com direito a fim de jejum de 25 anos diante do Botafogo. Um cenário certamente mais favorável do que o desenhado nos primeiros meses do ano.

Reviravolta

Na Toca da Raposa 2, 2019 começou com motivos para confiança, diante da permanência de Mano Menezes e de uma base que perdeu Arrascaeta mas, em seguida, ganhou Rodriguinho e Pedro Rocha. O treinador fez valer a estratégia de poupar jogadores de forma alternada; contou com os gols de Fred e as defesas por vezes milagrosas de Fábio para conquistar o Mineiro e conseguir a segunda melhor campanha da fase de grupos da Libertadores.

No fim de maio, uma reportagem do Fantástico (Rede Globo) revelou suspeitas de irregularidades administrativas no clube, ao mesmo tempo em que ficou evidente a crise financeira e a necessidade de fazer caixa. Se jogadores e comissão técnica quiseram deixar claro que a agitação nos bastidores não chegaria ao gramado, teve início uma fase negativa com apenas uma vitória (os 3 a 0 no penúltimo clássico, pela Copa do Brasil) nos últimos 16 jogos. A que se somam as seis partidas sem balançar as redes e a eliminação de quarta-feira na Libertadores, diante do River Plate.

O próprio comandante celeste fala em ‘cobertor curto’, com as saídas de Murilo, Lucas Silva, Raniel e Romero e a contusão de Rodriguinho. A tentativa de poupar os titulares em bloco mostrou uma equipe alternativa com carências e, ainda por cima, há a pressão pelo tri da Copa do Brasil, que ajudaria a salvar a temporada inclusive em termos financeiros. O que pode interferir inclusive na escalação para domingo. Por outro lado, é necessário se afastar das últimas posições no Brasileiro e finalmente buscar regularidade na competição. Não faltam exemplos de momentos assim que não se refletiram no desfecho do duelo. Algo que a torcida atleticana espera que não se repita, enquanto a celeste reza para ser o caso.

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