Na madrugada da última sexta-feira (10), o site do Ministério da Saúde saiu do ar e, com ele, todos os serviços online da pasta, incluindo o ConecteSUS, a plataforma onde é possível acessar o comprovante de vacinação contra a Covid-19. Após uma semana, o problema não só persiste como foi agravado, com a queda de vários outros sites da administração federal, sem que os culpados sejam identificados, assim como a origem da pane.
No mesmo dia em que o Ministério da Saúde sofreu o primeiro ataque, algumas autoridades da esfera federal, como o vice-presidente, Hamilton Mourão, minimizaram o problema. O ministro Marcelo Queiroga afirmou que tudo voltaria a funcionar na terça-feira (14). Ainda na sexta, porém, ele mandou suspender a cobrança do comprovante de vacinação dos viajantes, que entraria em vigor no sábado (11).
Na segunda-feira (13), Queiroga anunciou um segundo ataque às plataformas da pasta, e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) confirmou, em nota, que mais de um órgão havia sido afetado, sem especificar quantos. Disse, ainda, que o Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos (CTIR Gov) emitiu um alerta sobre o ataque.
Com a queda do portal do Ministério da Saúde, registros de infecções, internações e mortes por Covid-19 também foram prejudicados. Na quinta-feira (16), 14 estados não forneceram dados sobre doses de vacinas aplicadas. O país, que estava imunizando mais de 1,2 milhão de pessoas por dia, passou a contabilizar uma média de 900 mil após a invasão.
Ministro do STF mandou governo exigir comprovante de vacinação
O portal do Ministério da Saúde e o ConecteSUS saíram do ar justamente em meio à discussão sobre a exigência do comprovante de vacinação, um dia após o presidente Jair Bolsonaro, que sempre foi contrário a qualquer medida de restrição contra a Covid-19, fazer um ataque público à adoção da barreira sanitária por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
O Governo Federal havia editado portaria prevendo a exigência do chamado “passaporte da vacina” a partir do sábado (11), mas devido ao ataque hacker, os efeitos da portaria foram suspensos por sete dias. Porém, no sábado, Barroso determinou a cobrança do comprovante de vacinação contra a Covid-19 para os viajantes vindos de outros países que desembarcam no Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, em nota divulgada na segunda-feira (13), que notificou os postos de fronteira, especialmente de aeroportos, para o cumprimento imediato da decisão do ministro.
Segundo a Anvisa, a decisão “teve efeito imediato, sem prazo de adequação, e, por isso, exige da Agência a realização de avaliações pontuais, especialmente em relação aos passageiros que já estavam em deslocamento ou em trânsito no momento em que a decisão foi emitida”.
Além disso, de acordo com a nota, a agência está implementando, ao mesmo tempo, a cobrança e orientação aos viajantes em todos os aeroportos que recebem voos internacionais, “de forma que os passageiros já foram interpelados em relação à exigência do documento”.
Na mesma nota, a Anvisa informa que ainda aguarda a edição de nova portaria do governo Bolsonaro, anunciada para esta segunda-feira, “com maior detalhamento das regras para a entrada de viajantes no Brasil, a fim de que possa realizar as adequações operacionais que se fizerem necessárias”.
No entanto, desde então, o comprovante de vacinação não tem sido exigido em todos os aeroportos internacionais do Brasil. Em muitos casos, ele é exigido para passageiros de alguns voos e de outros não, em um mesmo terminal. Também há casos de os passageiros terem de mostrar o passaporte vacinal apenas no local de embarque, ou seja, no país onde embarcou com destino ao Brasil.
ConecteSus continua inacessíveis e outros sites são invadidos
Assim como as plataformas do Ministério da Saúde, que ainda não voltaram a funcionar plenamente, outros sites hospedados no gov.br registram instabilidade a partir da manhã de terça-feira (14). Entre eles o site do Palácio do Planalto, onde é divulgada a agenda do presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras ações da Presidência da República.
A mensagem de que “Não é possível aceder a este site” era exibida quando o usuário tentava acessar plataformas como os sites dos ministérios da Economia, Educação, Secretaria-Geral da Presidência, Casa Civil, Cidadania, Trabalho e Previdência, e Agricultura.
A equipe do O TEMPO em Brasília apurou que, além do Ministério da Saúde, outros órgãos federais foram alvo de ataques hacker na última sexta-feira (10). É o caso da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Federal do Paraná (IFPR), que tiveram seus sistemas invadidos na semana passada.
Polícia Federal também sofreu ataque de hackers
Sem desvendar a série de ataques, a Polícia Federal também foi alvo de cibercriminosos, na noite de terça-feira. Eles derrubaram a página da corporação.
Ainda não se sabe se são os mesmos que vêm causando estragos nos sites de órgãos do governo federal, mas o Lapsus$ Group, grupo hacker que assumiu o ataque ao Ministério da Saúde, comentou sobre a falha no site da PF.
“RIP PF”, escreveram mais cedo os invasores em um grupo de mensagens divulgado pelos próprios hackers no site do Ministério da Saúde, usando a sigla para “rest in peace” (descanse em paz, em inglês). Na segunda-feira (13), o Lapsus$ publicou nesse grupo que o site da PF “parece não funcionar mais”.
Fonte: O Tempo
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