No ano passado, as lojas que vendem produtos para torcedores de futebol ignoraram a crise. O segmento se prepara para um forte crescimento em 2010, auxiliado não só pelo otimismo maior da economia, mas também pela Copa do Mundo da África do Sul, que deixará o esporte ainda mais em evidência.
Somente a rede Poderoso Timão deverá abrir mais 40 lojas até o fim do ano, de acordo com André Giglio, sócio-diretor da consultoria Francap, responsável pela gestão da franquia criada em parceria com o Corinthians em 2008. A rede fechou o ano passado com 60 lojas, todas na região Sudeste.
A vantagem de trabalhar com times específicos é que o torcedor costuma ser um cliente fiel. O mercado de futebol é uma coisa mais perene. Quando eu tenho um torcedor, ele vai ser torcedor por muito tempo, diz o Giglio.
Na opinião do executivo, o avanço desse tipo de negócio reflete um amadurecimento dos hábitos de consumo do brasileiro. ?Há algum tempo a gente ia comprar tênis para a escola e as opções eram um Bamba branco, um Rainha preto ou um Kichute e só. Hoje você tem muitas lojas com especialização maior e consumidores mais informados?, afirma o executivo.
Ricardo Forte, proprietário há 15 anos da Santos Mania e há cinco da Times Mania, dedicada a produtos do São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos, diz que o mercado está aos poucos sendo descoberto. A rede mais antiga do empresário tem cinco lojas em Santos; a novata Times Mania tem quatro unidades e deve chegar a dez até 2014.
?Aceleramos a expansão em razão da Copa do Mundo e abrimos três lojas novas em 2009?, diz Forte, que prevê crescimento de 25% nas vendas em 2010. Para ele, os bons ventos começaram a chegar há cerca de cinco anos sobre o mercado de produtos futebolísticos, antes dominado pela pirataria.
Com a legalização do mercado, expande-se o portfólio de produtos oferecidos aos torcedores. Atualmente, são muitos os produtos vendidos no varejo ? além tradicionais camisas, também são oferecidos itens como canecas, cuecas, lingeries e até anéis de diamante.
Para serem considerados oficiais, os produtos precisam ter o selo de aprovação do clube. O empresário Fausto Barbieri Filho, proprietário da Naturali Sport, de Campinas (SP), conta que bateu na porta das diretorias de diversos times para licenciar roupas íntimas com motivos dos clubes.
Barbieri Filho, que compete no mercado de lingerie há mais de 17 anos, viu seu faturamento quadruplicar desde que adotou a estratégia, há dois anos. Em 2009, a receita da Naturali atingiu R$ 1,5 milhão.
Atualmente, ele fabrica cuecas e lingerie com estampas de times famosos, como Vasco, Flamengo, Fluminense, Botafogo, São Paulo, Portuguesa, Ponte Preta, Guarani, São Paulo, Inter e Grêmio.
Dinheiro aos clubes
Para conseguir a aprovação dos clubes, é preciso atender critérios como qualidade, escala e participação nas vendas. Em 2009, o São Paulo Futebol Clube faturou o equivalente a 10% da receita obtida a partir da venda de produtos licenciados nas lojas Sao Store, criadas pelo próprio time em parceria com a Reebok, em 2008.
O objetivo da rede, segundo o vice-presidente de marketing do São Paulo, Júlio Casares, é vender produtos de valor agregado, mais difíceis de serem pirateados e que garantem uma maior receita.
Na capital paulista, a Sao Store tem unidades nos shoppings Paulista, Center Norte, Ibirapuera e na luxuosa rua Oscar Freire, referência em marcas de alto padrão. A estimativa de Casares é de que mais três sejam abertas este ano no interior do estado, e quatro fora de São Paulo até 2011.
Na Poderoso Timão, parte das vendas também enriquece o orçamento do clube. Quem compra em uma das lojas [da Poderoso] está ajudando o time, garante Giglio.

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