A foto de um macaco foi colocada sobre o rosto de uma menina de 9 anos nas redes sociais. O registro foi feito em uma escola da rede pública de Belo Horizonte na última sexta-feira 22 de março. A família da estudante registrou um boletim de ocorrência denunciando o que os parentes interpretaram como racismo. A Polícia Militar foi procurada nessa segunda 25 de março. A Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (Smed), informou que acompanha o desenrolar dos fatos e que tem prestado todo o suporte à família. O nome da instituição de ensino será preservado.

A família tomou conhecimento do ocorrido ao perceber a mudança de comportamento da menina. “Ela chegou da escola chorando e muito nervosa. Também nos perguntou o porquê era feia, mas até então, não tinha nos informado o motivo de tudo aquilo. Passado um tempo, ela conversou com a avó e contou que foi chamada por uma colega para ir até o banheiro da escola para fazer uma foto juntas, mas a coleguinha colocou a figurinha de um macaco no rosto dela”, conta a manicure Ludmila Lima, de 39, mãe da vítima.

Após a figura de um macaco ser colocada no rosto da criança, a vítima postou a imagem na web. “Minha filha contou para a professora que, na hora, repreendeu a menina. Porém, ela falou que não ia apagar a postagem e deixou no Instagram”.

‘Sentimento de revolta’

Ao ver a foto da filha, Ludmila revela que, na hora, teve o desejo de resolver a situação. “Fiquei muito chateada e passou muita coisa na minha cabeça. Entrei em contato com o pai dela e procuramos a direção da escola. Conversamos com a direção que nos deu total apoio, tanto que eles entraram em contato com a família da outra menina envolvida”, detalhou a mãe da criança.

Um boletim de ocorrência foi registrado. “Já conversamos com a família da menina e estamos dando prosseguimento para que minha filha tenha todos os direitos garantidos. O que ela sofreu é muito grave”.

Ludmila conta que, agora, a filha está melhor, mas que nos primeiros dias a menina se sentia “chateada” e “aborrecida”. “Sempre criei meus filhos com muito amor. Conversamos com ela a respeito de tudo que passou. Falamos que ela é uma menina muito amada e que sempre terá acolhimento da família”.

Quem não está nada bem é Ludmila. A manicure relata que não tem conseguido dormir, pois a imagem da filha com o rosto de um macaco não sai de sua mente. “Estou muito triste. Nenhuma mãe quer ver o filho sendo zombado e vítima de racismo. A minha filha sofreu racismo. O sentimento é de revolta. Não está fácil passar por isso. Tenho que ser forte, pois ela precisa do meu amparo”.

O que diz a prefeitura

Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Smed, informou que as famílias das duas crianças envolvidas foram chamadas pela direção da escola com o objetivo de apurar os fatos e adotar medidas pedagógicas.

A Smed está acompanhando o desenrolar dos fatos, dando todo o suporte para a escola por meio da Gerência de Clima Escolar e da Gerência de Relações Étnico-Raciais. Além disso, a instituição de ensino conta com as orientações do material ‘Escola: lugar de proteção — Guia de orientações e encaminhamentos’, produzido pela equipe da Gerência de Clima da Smed”, esclareceu.

A direção da escola também foi orientada pela pasta a acionar o Conselho Tutelar para dar suporte à família da criança que supostamente publicou a foto alterada. “A Smed reitera o seu compromisso de atuar sempre na prevenção e orientação pedagógica em casos como esses envolvendo crianças da rede”.

Fonte: O Tempo

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