A crise internacional de saúde da Covid-19 reduziu em 17% as emissões de carbono em relação à média diária de 2019. No Brasil, a redução foi de 25%, ligada principalmente aos setores de transporte e indústria. O estudo foi publicado nesta terça-feira (19) na “Nature Climate Change”.

O índice dos gases causadores das mudanças climáticas chegou ao patamar mais baixo desde 2006. Os autores dizem que a queda está relacionada aos padrões de demanda de energia – fronteiras bloqueadas e isolamento social reduziram o transporte e mudaram os padrões de consumo. As emissões tiveram uma redução média que variou de 11% a 25%.

No estado de Nova York, nos EUA, que chegou a ser epicentro da doença no mundo, a redução atingiu 32,7%. Em Washington, a redução foi de 40,2%. Na Europa, a queda foi em média 27%.

Esses índices mostram a taxa de emissão de gás carbônico (CO²), principal causador das mudanças do clima. Apesar da queda nas taxas no Brasil, há um aumento no desmatamento, que é historicamente a principal causa das emissões no país. Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostraram uma alta de 171% na perda de floresta em comparação a abril do ano passado.

“Esses dados refletem o impacto econômico da pandemia, a redução na circulação de pessoas, da circulação de veículos, no número de viagens, e a redução da demanda por energia. Então, acho que aqui no Brasil há uma redução também muito significativa na circulação de veículos e passageiros, além dos transportes de carga. Esses números traduzem a situação de emergência que a gente está”, disse Carlos Rittl, cientista e ambientalista especialista em mudanças climáticas.

“É bem provável que as emissões em 2020 sejam as menores em muitos anos, mas isso não significa que a gente colocou o mundo em um patamar de emissões que ele deve estar. Por isso é importante olhar para a situação atual e ver que lições que a gente tira em relação às soluções que foram encontradas a curto prazo”, ponderou o pesquisador.

Outros dados do estudo

O transporte terrestre, como viagens de carro, responde por 43% da redução das emissões globais durante o auge do confinamento no planeta, que ocorreu em 7 de abril. Já as emissões feitas pela indústria e pela produção de energia representam mais 43% na queda da taxa.

A aviação, um dos setores mais afetados pela crise da Covid-19, representa 3% de toda a liberação de CO² no planeta e teve uma redução de 10% durante a pandemia.

“Existem oportunidades para fazer mudanças reais, duráveis e mais resistentes a crises futuras, implementando pacotes de estímulos econômicos que também ajudam a cumprir as metas do clima, especialmente para a mobilidade, responsável por metade da redução das emissões durante o confinamento”, disse a autora principal do estudo, Corinne Le Quéré, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido.

Ao todo, 69 países foram analisados. Eles são responsáveis por 97% das emissões globais. No auge do confinamento pela Covid-19, 89% deles estavam com algum tipo de restrição à população. No total, ocorreu uma redução de 1.048 milhões de toneladas de dióxido de carbono até o final de abril.

Matéria do G1

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