A maioria dos especialistas concorda que um terço das pessoas com distúrbios alimentares permanecerá com doença em estágio crônico, um terço morrerá devido ao problema e um terço conseguirá se recuperar. Entretanto, existe pouco consenso sobre o que recuperar significa para as pessoas com anorexia.
De fato, poucos estudos sobre os índices de recuperação em longo prazo foram realizados na última década e, em cada um deles, foram usados parâmetros diferentes. Sem consistência, é difícil comparar os estudos, disse Michael Strober, professor de distúrbios alimentares e psiquiatria na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. É necessário saber qual é a definição de recuperação em cada estudo para se obter uma interpretação equilibrada.
É difícil definir o que é recuperação de uma doença que tem dimensões tanto físicas quando mentais. Por exemplo, se uma paciente chegar ao peso normal – que os pesquisadores definem como 85% ou 95% do peso ideal de uma pessoa – e começar a menstruar novamente, ela seria considerada como alguém recuperada na maioria dos estudos.
Mas, e se ela ainda se pesar diariamente, monitorar suas calorias com vingança e ficar obcecada com comida e a circunferência dos seus tornozelos? Ou, como quase sempre é o caso, passa de anorexia para bulimia ou para transtorno de compulsão alimentar periódica? Cerca de 50% das pessoas com anorexia conseguirá atingir e manter um peso normal, mas a maioria delas está muito preocupada com o conteúdo calórico dos alimentos, disse Katharine Halmi, professora de psiquiatria da Faculdade Médica Weill Cornell, em Nova York. Muitas pessoas que nunca tiveram anorexia acompanham sua alimentação cuidadosamente. Então, a grande questão é: como se define recuperação? A manutenção de um peso normal e a recorrência da menstruação é fácil de documental. Já a situação mental é um problema diferente, disse Katharine.
Recurso psicológico
Levando isso consideração, muitas pessoas com anorexias preferem ver a recuperação da mesma forma que muitos alcoólatras – a doença pode estar em remissão, mas o potencial para uma recaída sempre fica à espera de uma oportunidade de aparecer.
Segundo Aimee Liu, 57, autora de Restoring Our Bodies, Reclaiming Our Lives (Restaurando Nossos Corpos, Retomando Nossas Vidas), muitos comparam seu distúrbio alimentar ao gerenciamento de uma doença crônica como o diabetes, que requer vigilância constante. Algumas pessoas acham mais confortável se considerar ?em recuperação?, para que não tenham que ser responsabilizadas por estarem recuperadas, o que significa ?nunca terei recaída?, disse Aimee.

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