A falta de troco no comércio é um problema tanto para lojistas quanto para consumidores. De um lado, estão as entidades do varejo, que reivindicam medidas enérgicas para a circulação do dinheiro, e o próprio Banco Central, que promove campanhas para as moedas aparecerem. De outro, está o cidadão que adora um cofrinho, junta as pratinhas e, com isso, dificulta o troco.
Quem nunca passou pela dúvida de aceitar ou não uma bala de troco no lugar dos centavos, ou mesmo arredondar o valor? O fato de o caixa trocar a moeda por balinhas já é errado. Imagina quando ele nem dá a bala, pede para arredondar o valor e fica por isso mesmo? Como se fosse natural reclama a funcionária pública Rosali Ramos.
Sua irmã, Raquel Ramos, também não fica satisfeita com a solução que o comércio dá para a falta de moedas. ?Quando o valor é menor, com moedas de R$ 0,01 ou até mesmo de R$ 0,05, fico sem troco, disse. Sua irmã, porém, faz o contraponto: Acho que parte do problema é dos próprios consumidores, que guardam as moedinhas.
Só que a prática de dar mercadoria como troco é ilegal. Segundo a coordenadora interina do Procon de Belo Horizonte, Maria Laura Santos, o Código de Defesa do Consumidor veta a prática. Se o comerciante empurrar outra mercadoria em vez de pagar o troco, está levando vantagem excessiva. Obriga as pessoas a consumirem o que não queriam, diz. Mas a prática é tão usual que poucos reclamam.
É que pode sair mais caro. Procurar a Justiça pode trazer prejuízo muito maior do que o que a pessoa sofreu. O consumidor deve recusar troco em qualquer coisa que não seja dinheiro, orienta o advogado do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) Alessandro Gianeli.
Como o dinheiro não se desvaloriza mais da noite para o dia, aumenta a tentação de juntar trocados em casa. Com a economia estável, o consumidor guarda moedas no cofrinho para economizar ou até colecionar, o que dificulta operações tradicionais do varejo, diz a economista da Fecomércio, Silvânia Araújo. O problema é comum em comércios como padarias.
Peça de coleção
Se está difícil encontrar moedas, tem coisa ainda mais rara: a nota de R$ 1. O último lote de cédulas produzido pelo Banco Central foi em março de 2006. Segundo o gerente técnico do Departamento do Meio Circulante do BC, Eduardo Borges, a suspensão foi por causa do custo-benefício.
?Uma moeda se preserva por mais de 20 anos, enquanto a nota sobrevive, em média, apenas um ano,? disse. Atualmente, há cerca de 168 milhões de cédulas de R$ 1 e 1,4 bilhão de moedas desse valor em circulação.
Mas, enquanto uns culpam o consumidor, há que pense que a falha é dos bancos. ?Nem a agência da qual sou correntista troca o meu dinheiro?, reclama o dono de padaria Rogério Aramim.

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