A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de não admitir que os partidos façam coligações diferentes ao Senado e ao governo estadual ameaça candidaturas nos estados, segundo líderes.
Na avaliação das legendas, a decisão deixa a eleição mais polarizada em torno de partidos maiores, que dispõem de mais tempo de TV, e, portanto, têm maior influência sobre a definição dos candidatos da aliança.
Na última terça (11), ao responder a consultas feitas pelo deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), o tribunal afirmou que as legendas que se coligarem ao governo do estado só podem lançar dois candidatos ao Senado. Com isso, alianças onde há três nomes ou mais para o cargo terão de optar.
Entre as candidaturas que podem ser prejudicadas está a da vereadora carioca Aspásia Camargo, do PV, que pretendia se lançar ao Senado pelo Rio de Janeiro. No estado, o candidato ao governo será o deputado federal Fernando Gabeira (PV), e a coligação vai contar com PV, DEM, PSDB e PPS. No entanto, já há outros dois nomes lançados ao Senado pelos partidos: o ex-prefeito do Rio César Maia (DEM) e o ex-deputado federal Marcelo Cerqueira (PPS).
O coordenador nacional do PV Alfredo Sirkis, vereador no Rio, afirmou que o partido vai fazer uma nova consulta ao TSE sobre o tema, questionando mais diretamente se a existência de determinada coligação para governador torna obrigatória a reprodução da coligação para o Senado.
Se o TSE decidir que sim, que precisa espelhar a mesma coligação, o prejudicado será o eleitor. (…) O resultado disso seria um engessamento artificial da disputa ao Senado, que tem uma lógica diferente da lógica na disputa para governador, que é estadual, enquanto que a lógica para o Senado é nacional, diz.
Sirkis, que coordena a pré-campanha da senadora Marina Silva à Presidência, afirmou que a situação no Rio é muito complicada, mas que é preciso aguardar um novo posicionamento do TSE. É extremamente fundamental a candidatura de Aspásia Camargo, afirmou, descartando de imediato, porém, que isso possa influenciar na aliança com os outros partidos.
De acordo com o vereador, a decisão pode prejudicar candidaturas do partido ao Senado no Acre, no Maranhão e no Espírito Santo, já que pode não haver espaço na chapa para candidatos do PV. No caso do Acre, por exemplo, vamos apoiar o Tião Viana, por uma decisão da Marina. Já existe uma coligação entre PT e PC do B com outros nomes (para o Senado), e não há espaço para o PV. Seria importante ter um candidato ao Senado para a Marina ter palanque, já que o Tião vai apoiar a Dilma (Rousseff, candidata do PT à Presidência).
Minas
Em Minas Gerais, o PCdoB agora avalia se irá se coligar a PT, PMDB e PR na eleição ao governo do estado e, com isso, abrir mão da candidatura ao Senado, segundo o secretário-geral da legenda, Walter Sorrentino. Na chapa Fernando Pimentel-Hélio Costa, ou vice-versa, uma vaga do Senado deve ser do PR. A outra, do PT ou PMDB. O nome que os comunistas pretendiam lançar ao Senado, José Vieira Filho, ficou sem espaço.
Sorrentino afirma que a decisão sobre coligações é um direito dos partidos. ?Posso me coligar ao governo e não me coligar ao Senado?, protesta. Segundo o secretário-geral do PC do B, o ?estrago? nas discussões sobre alianças ainda não foi calculado, mas é certo que as eleições ficarão mais polarizadas em torno dos partidos maiores.
A tese é apoiada pelo secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), para quem as eleições majoritárias ?são para gente grande? e partidos que têm tempo maior de TV. Ele afirma que a possibilidade de dividir as coligações para lançar mais candidatos ao Senado não estava nos planos do PT em nenhum estado.

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