Em meio aos prejuízos deixados pela pior crise hídrica dos últimos 50 anos, o início da temporada de chuvas, que vai de meados de outubro a março do ano que vem, não é nada animador para os mineiros. A previsão dos serviços de meteorologia é a de que, até dezembro, o volume das precipitações em Belo Horizonte e em praticamente todo o Estado seja cerca de 20% menor em relação ao mesmo período de 2014.

A nova estiagem em pleno período chuvoso deixa em alerta Prefeituras, Defesa Civil, Copasa e outros órgãos do governo de Minas. Medidas de reforço e ações emergenciais estão previstas diante do risco de desabastecimento, sobretudo, em regiões historicamente mais afetadas, como o Norte de Minas. Porém, para a região metropolitana de BH, maior consumidora de água do Estado, a situação é mais delicada.

Só em dezembro

A principal medida adotada para aliviar o sistema de abastecimento da capital e cidades vizinhas deve ficar pronta somente em dezembro. Anunciada em janeiro, a captação de 5 mil litros de água por segundo do rio Paraopeba, em Brumadinho, vai viabilizar a distribuição para a população, ao mesmo tempo que permitirá a acumulação de água dos reservatórios para enfrentar o período seco de 2016.

Mesmo assim, o empreendimento depende essencialmente de chuva. Em outubro do ano passado, o volume do reservatório do sistema Paraopeba era de 103 milhões de metros cúbicos. Neste ano, o nível está em 67 milhões de metros cúbicos, ou 35% menor. O sistema Paraopeba é o principal responsável por abastecer a Grande Belo Horizonte.

Mesmo com um quadro tão adverso, a Copasa garante que a situação está sob controle. Enquanto a intervenção do Paraopeba não sai do papel, os esforços estão concentrados em um programa contra vazamentos e na economia gerada pela própria população.

Alternativa

A limitada atuação da empresa motivou Pará de Minas, no Centro-Oeste mineiro, a retirar a concessão da Copasa na cidade, segundo o prefeito Antônio Júlio. O município contratou outra empresa para instalar uma adutora de 28 quilômetros de extensão, que vai captar água no rio Paraopeba.

A obra ficou pronta na última sexta-feira (9). Antes, vários bairros da cidade de 90 mil habitantes tiveram de conviver com o racionamento. Desde o ano passado, medidas de restrição do consumo também são adotadas em Juiz de Fora e Viçosa, ambas na Zona da Mata.

Segundo o Centro de Climatologia PUC Minas, o fenômeno El Niño causará fortes influências no país. No Sudeste, a tendência é de altas temperaturas e pancadas de chuva só no fim do dia, sem muita constância.

Maioria dos atingidos está nas regiões Norte e Nordeste

Subiu para 108 o número de municípios afetados pela longa estiagem no Estado. Cachoeira do Pajeú, no Vale do Jequitinhonha e Mucuri, decretou situação de emergência no fim de semana. Mais de 90% das cidades em alerta pela seca estão do Norte ou Nordeste de Minas.

Até o momento, foram investidos R$ 170 milhões na construção de cisternas, pequenas barragens e sistemas coletivos de abastecimento de água, segundo a Secretaria de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor). Outros R$ 370 estão previstos.

Um programa emergencial para perfuração de poços e aquisição de equipamentos hidráulicos para atender a todos os municípios que decretaram situação de emergência também está sendo preparado.

 

“Essas ações estão sendo desenvolvidas para garantir melhor acesso a água. São medidas emergenciais do ponto de vista da necessidade da urgência, mas que serão permanentes para a população atendida”, afirma o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Ricardo Campos.

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