Do dólar subindo e do real baixando

Você mora no Brasil e a moeda aqui se chama real. Você recebe seu salário e tudo o que você faz em real. Recebe e paga em real. Assim, a pergunta o que tenho a ver com o dólar ou o euro, moeda europeia, é mais do que legítima e mais: o que tenho que ver com a subida do dólar e o valor do real.

Primeiro, o dólar, como moeda de troca internacional, sempre esteve onde está. O valor dele em relação às outras moedas, como o real, é variável. Quando se diz que o dólar subiu, é na verdade um erro. O que mudou foi o valor do real em relação ao dólar ou outras moedas estrangeiras. E a matemática é simples: quanto mais reais você desembolsar por um dólar, menos vale o real e o dólar sim, fica mais forte. O real na verdade, neste momento, está  baixando de valor e o dólar está onde sempre esteve.

Vamos exemplificar com uma eventual viagem ao exterior. Se a passagem custava 1000 dólares, você hoje paga aproximadamente 4 mil reais. Pelos mesmos mil dólares há um ano atrás você pagava 2.200 reais. Os mil dólares continuam mil dólares, os reais é que foram desvalorizados e é por isso que precisa de mais dinheiro para comprar a mesma quantidade de moeda estrangeira.

Mas, mesmo não viajando para o exterior, a variação cambial, a gangorra de dólar e real, afeta em muito a vida diária. Como quase 40 % dos produtos nas nossas lojas eram importados, com a desvalorização do real ficaram mais caros. E com isso, importar tornou-se mais oneroso, e as lojas começaram a procurar produtos nacionais. Um caso típico são as malharias de Jacutinga, que voltaram fornecer aos grandes lojistas porque seus produtos hoje são mais competitivos em preços. Falta a competitividade em escala de produção e inovação.

Também os exportadores, como no caso do café, recebem mais reais pelo mesmo dólar exportado. Isso injeta dinheiro na economia, pode gerar mais empregos. As indústrias que dependem da importação das matérias primas e componentes sofrem com a desvalorização do real. Mas, para os exportadores o real desvalorizado é uma alegria.

 

E a pergunta até onde vai a desvalorização do real tem tantas respostas que não tem resposta alguma. Principalmente quando começarem os que têm dinheiro a poupar em dólar em vez de em real para assegurar o valor dos seus investimentos. E aí pode provocar uma procura para a qual não tem oferta. Tem que prestar atenção nessa gangorra cambial, sem se apavorar. Mas, que afeta o nosso dia a dia, afeta.

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Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Do dólar subindo e do real baixando

Você mora no Brasil e a moeda aqui se chama Real. Você recebe seu salário e tudo o que você faz em real. Recebe e paga em real. Assim, a pergunta o que tenho a ver com o dólar ou o euro, moeda europeia, é mais do que legítima e mais: o que tenho que ver com a subida do dólar e o valor do real.

Primeiro, o dólar, como moeda de troca internacional, sempre esteve onde está. O valor dele em relação às outras moedas, como o real, é variável. Quando se diz que o dólar subiu, é na verdade um erro. O que mudou foi o valor do real em relação ao dólar ou outras moedas estrangeiras. E a matemática é simples: quanto mais reais você desembolsar por um dólar, menos vale o real e o dólar sim, fica mais forte. O real na verdade, neste momento, está  baixando de valor e o dólar está onde sempre esteve.

Vamos exemplificar com uma eventual viagem ao exterior. Se a passagem custava 1000 dólares, você hoje paga aproximadamente 4 mil reais. Pelos mesmos mil dólares um ano atrás você pagava 2.200 reais. Os mil dólares  continuam mil dólares, os reais é que foram desvalorizados e é por isso que precisa de mais dinheiro para comprar a mesma quantidade de moeda estrangeira.

Mas, mesmo não viajando para o exterior, a variação cambial, a gangorra de dólar e real, afeta em muito a vida diária. Como quase 40 % dos produtos nas nossas lojas eram importados, com a desvalorização do real ficaram mais caros. E com isso, importar tornou-se mais oneroso, e as lojas começaram a procurar produtos nacionais. Um caso típico são as malharias de Jacutinga, que voltaram fornecer aos grandes lojistas porque seus produtos hoje são mais competitivos em preços. Falta a competitividade em escala de produção e inovação.

Também os exportadores, como no caso do café, recebem mais reais pelo mesmo dólar exportado. Isso injeta dinheiro na economia, pode gerar mais empregos. As indústrias que dependem da importação das matérias primas e componentes sofrem com a desvalorização do real. Mas, para os exportadores o real desvalorizado é uma alegria.

E a  pergunta até onde vai a desvalorização do real tem tantas respostas que não tem resposta alguma. Principalmente quando começarem os que têm dinheiro a poupar em dólar em vez de em real para assegurar o valor dos seus investimentos. E pode provocar uma procura para a qual não tem oferta. Tem que prestar atenção nessa gangorra cambial, sem se apavorar. Mas, que afeta o nosso dia a dia, afeta.

 

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Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.