O dólar abriu o mercado nesta quinta-feira (02) em queda e variando entre R$ 4,94 e 4,98. É a primeira vez, desde junho de 2022, que a moeda americana fica abaixo dos R$ 5. Em 30 de junho, a cotação era de R$ 4,97. A queda, às 10h45, era de 2,03%. Nesta quarta-feira, o dólar bateu os R$ 5,06.

Estrategista-chefe da Acqua Vero, empresa voltada a investimentos, Antonio van Moorsel destaca que a queda frente ao real está relacionada à desaceleração do ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, o FED – Banco Central dos EUA – anunciou uma alta de 0,25 ponto na taxa de juros do país.

Ele ainda afirma que outras economias em países europeus também têm adotado políticas para valorização do euro, que acabam impactando o dólar. “Alguns fatores como esses contribuem para essa desvalorização do dólar global e naturalmente impactam o nosso câmbio, beneficia o nosso câmbio, visto que um dólar fraco localmente esse movimento tende a se replicar aqui”, ponderou.

Moorsel lembra que a opção do Banco Central do Brasil em manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, impacta a desvalorização do dólar. “Essa manutenção, óbvio que deriva de certa forma do risco fiscal, o próprio Banco Central já comentou acerca disso”, afirmou. O controle da inflação no Brasil, segundo ele, em comparação com outros países, também reflete na taxa cambial.

“Se a gente colocar em um gráfico, se fizermos um comparativo entre Brasil, Estados Unidos e zona do euro e Reino Unido, a inflação brasileira é a menor das quatro. Então temos um cenário de taxa de juros muito alta e inflação controlada, fazendo com que o quadro, a conjuntura macroeconômica, seja muito atrativa para o investidor estrangeiro”, acrescentou van Moorsel.

Para o economista, questões políticas também impactam os resultados cambiais. Segundo ele, o investidor estrangeiro tem menos receio das políticas econômicas adotadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), projetando riscos no médio e longo prazo.

“Embora exista uma preocupação, ele (investidor estrangeiro) sabe que isso tende a acontecer mais para frente e não agora. E já que o momento agora é muito oportuno com Selic a 13,75% , perspectiva de manutenção em patamar elevado ao longo de todo ano, inflação controlada, o investidor estrangeiro se aproveita do presente, deixando o risco fiscal de médio longo prazo para frente”, acrescentou.

Fonte: O Tempo

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