O mercado testou a disposição do Banco Central (BC) de defender um teto informal para o dólar. O dólar comercial esbarrou nesta quarta-feira (21) no valor de R$ 2,10, importante nível de resistência da cotação, e que não era tocado desde maio de 2009.
A alta, alimentada tanto pelo comportamento da moeda no exterior como pela avaliação de que é do interesse do governo que esse movimento ocorra, reforça a discussão sobre uma eventual intervenção do BC no mercado, e por meio de qual instrumento.
Ontem pela manhã o Banco Central publicou os procedimentos a serem adotados em um eventual leilão de moeda estrangeira – uma espécie de lembrete sobre esse instrumento de ação, que foi capaz de provocar alívio imediato à cotação e fazê-la diminuir um pouco.
A publicação levou alguns operadores a acreditar que a autoridade estaria preparando o terreno para uma possível intervenção. Às 13h, a moeda norte-americana estava a R$ 2,0925 na venda, nível que não era atingido há mais de quatro meses, quando registrou R$ 2,0975 em 27 de junho.
Reviravolta na entrada
O Banco Central informou que houve o ingresso de US$ 3,5 bilhões na economia brasileira em novembro, até o dia 16. Trata-se do maior valor desde abril deste ano, quando foram contabilizados US$ 6,58 bilhões.
A entrada de recursos acontece após três meses consecutivos de retiradas de dólares. Em outubro, saíram US$ 3,82 bilhões na economia. Em agosto e setembro deste ano, respectivamente, US$ 896 milhões e US$ 534 milhões deixaram a economia brasileira.
Esse ingresso de recursos, teoricamente, favoreceria a queda do dólar. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar menor. Mas o que se vê é o inverso. A explicação é que, na ausência de atuação por parte do BC, os bancos poderiam estar absorvendo esse ingresso de divisas. No fim de outubro, as instituições financeiras estavam com uma posição vendida no valor de US$ 3,65 bilhões no mercado de câmbio – valor que deve estar praticamente zerado com a entrada de dólares registrada neste mês.

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