É impossível, mas se a Terra parasse de girar de forma abrupta, todas as coisas que se encontram em proximidade ao Equador descreveriam um movimento retilíneo nas direções tangenciais à superfície da Terra, com velocidade de até 1600 km/h. Apesar de muito grande, essa velocidade não seria suficiente para lançar-nos no espaço, uma vez que a velocidade de escape, ou seja, a menor velocidade que um corpo deve ser lançado de modo a sair da órbita terrestre, é de 40.320 km/h.

E se a Terra parasse de realizar o movimento de rotação?

No caso extremo em que a Terra tivesse o seu movimento de rotação interrompido, a atmosfera continuaria em movimento de rotação e isso produziria ventos de enormes velocidades, maiores que quaisquer outros que já puderam ser registrados por aqui. Além disso, as placas tectônicas, que boiam sobre o magma, continuariam em rotação e, ao colidirem-se umas contra as outras, produziriam terremotos de escalas planetárias.

Com a perda de velocidade de rotação, a água dos mares voltaria aos polos. Funciona como um balde água que gira: se ele parar de girar, a água em seu interior cairá. A inércia da água é o que a mantém na região do Equador, por isso, nessa situação, alguns mares e oceanos tornariam-se grandes desertos, enquanto os países localizados acima dos trópicos seriam quase completamente submersos, dando existência a dois grandes oceanos ao sul e ao norte do globo terrestre.

Passadas algumas horas, se alguém sobrevivesse, não perceberia a distinção dos dias e das noites da forma como conhecemos. Em tese, viveríamos metade do ano em completa escuridão e a outra metade em um dia escaldante. Nesse tempo, a maioria dos seres vivos que estivessem no hemisfério escuro da Terra seriam tomados por um inverno rigoroso e completamente escuro, enquanto o lado iluminado atingiria temperaturas altíssimas.

Se o núcleo da Terra parasse de girar, o efeito dínamo, responsável por produzir o campo magnético da Terra, iria acabar, bem como o próprio campo magnético terrestre. Como consequência, o vento solar não seria defletido e atingiria em cheio a face iluminada da Terra, varrendo, pouco a pouco, as partículas de nossa atmosfera. Dentro de alguns milhares de anos, a Terra teria perdido boa parte de sua atmosfera, possibilitando que uma grande quantidade de raios ultravioleta e radiação gama chegasse até a superfície.

 E se a Terra parasse de realizar o movimento de translação?

A Terra orbita em torno do Sol ao longo de um ano, realizando uma órbita elíptica. Isso implica que tudo aquilo que se encontra sobre a sua superfície move-se junto a ela com velocidade maior do que 107.000 km/h. Se a Terra simplesmente parasse de girar em torno do Sol, de forma abrupta, toda a sua energia cinética se transformaria em outras formas de energia, como energia térmica, ondas sonoras etc.

A desaceleração necessária para que a Terra parasse de forma abrupta, em menos de 1 segundo, seria grande o suficiente para deformá-la por completo, alongando-a na direção de seu movimento em razão da sua enorme inércia. Nada poderia sobreviver a tamanha catástrofe, a 107.000 km/h tudo o que está na superfície da Terra teria velocidade suficiente para ser ejetado para o espaço, incluindo os mares, placas tectônicas e possivelmente o próprio núcleo da Terra.

Em um quadro menos caótico, em que a Terra perdesse lentamente a sua velocidade orbital, as consequências seriam menos desagradáveis e menos letais, pelo menos nos primeiros momentos. Com o desaparecimento de seu movimento de rotação em torno do Sol, a Terra seria continuamente atraída em linha reta em direção ao Sol, cerca de 65 dias chocaria com a sua superfície. Obviamente, muito antes disso, estaríamos literalmente cozidos devido à enorme temperatura nas proximidades da atmosfera solar.

 O que aconteceria se a Lua se afastasse?

A Lua afasta-se da Terra a uma taxa de 3,78 cm por ano. Quando ela afasta-se de nós, um princípio físico chamado de conservação do momento angular garante que a velocidade de rotação da Terra diminua continuamente. Algumas simulações modernas indicam que no momento de sua formação, a Lua estava cerca de 22.500 km de distância da Terra e, por isso, os dias por aqui duravam cerca de 5h, ou seja, a Terra girava muito mais rapidamente do que nos dias atuais.

“Estima-se que a velocidade de afastamento atual da Lua da órbita da Terra se tornaria instável, mas somente daqui alguns bilhões de anos, além disso, a duração do dia seria maior, crescendo uma taxa de 19 h a cada 4,5 bilhões de anos.

Em razão do aumento da duração do dia, parte da Terra passaria grande parte do tempo iluminada pela luz solar, enquanto que em sua outra face não haveria luz solar, isso afetaria o clima global, aumentando muito a amplitude térmica da Terra.

 O que faz a Terra girar?

Durante a formação do Sistema Solar, os jovens planetas enfrentaram tempos difíceis. Durante praticamente todo o tempo, sofriam colisões violentas com asteroides, o que possivelmente deu origem às luas existentes no sistema solar. Acredita-se que nessa época um grande objeto de tamanho similar ao do planeta Marte tenha colidido com a Terra, dando origem ao que viria a tornar-se a nossa Lua.

“A formação da Lua fez com que a velocidade de rotação da Terra aumentasse grandemente, entretanto, a própria atração gravitacional entre a Terra e a Lua fez com que nosso planeta tivesse a sua frequência de rotação diminuída ao longo de bilhões de anos. O que manteve a Terra girando desde então foi o fato de não haver forças dissipativas e intensas o suficiente para cessar a rotação da Terra, por isso, ocorre o fenômeno que chamamos de conservação do momento angular.

O momento angular é a quantidade de movimento relacionado aos corpos em rotação, na ausência de forças externas, a quantidade de momento angular total não pode ser alterada, por isso, a quantidade de movimento rotacional da Terra foi transferido à Lua e a outros corpos do sistema solar, mas não de forma significativa a ponto de fazê-la parar por completo.

 Por Me. Rafael Helerbrock

Fonte: Brasil Escola

 

 

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