Após um primeiro semestre de protagonismo no cenário político, a maré virou contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB – RJ). E o refluxo aconteceu pela suspeita mais perniciosa possível: corrupção. Apesar de o deputado negar qualquer envolvimento com as propinas distribuídas no esquema de Petrolão, os fatos revelados nas últimas semanas são contundentes. Cunha amarga um fim agonizante na Casa do Povo.

Meses atrás, Cunha foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por crimes relacionados à operação Lava-Jato. As acusações versam sobre corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a Procuradoria, o deputado recebeu propina de contratos firmados entre a Petrobras e fornecedores da estatal. De prontidão, ele negou participação e fixou que não sairia da presidência da Câmara.

O discurso permanece o mesmo, ainda que as provas se avolumem de forma constrangedora. O Ministério Público da Suíça revelou a existência de contas em nome de Cunha no país. De acordo com o portal G1, em março deste ano, à CPI da Petrobras, o parlamentar enfatizou não possuí-las. Eis que a trama começou a se complicar. Na semana passada, o G1 continuou seu trabalho investigativo e revelou documentos que comprovam a titularidade.

Contradizer tantas provas? Seria cinematográfico pensar que as contas na Suíça, chanceladas e assinadas por ele, sejam uma armação. Se os valores não provierem da corrupção, que o peemedebista venha a público esclarecer as acusações. Entretanto, optou pelo silêncio. Um silêncio sugestivo, diga-se de passagem. Cunha decidiu falar sobre o caso apenas por meio das suas assessorias – jurídica e de imprensa. Em nota divulgada no fim da tarde de sexta-feira (16), o deputado reafirmou não ter recebido “qualquer vantagem de qualquer natureza” e disse reiterar o depoimento dado à CPI da Petrobras, no qual negou ter contas no exterior.

Cunha disse ainda ser alvo de “perseguição” do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Este avalia existirem indícios de lavagem de dinheiro nas contas. Em outras palavras, o cerco se fecha. Como diz aquele velho jargão, “contra fatos não há argumentos”. Posso me equivocar grosseiramente, mas essa história tende a terminar como tantas outras: um novo político corrupto para sujar a democracia em nosso país.

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