Um engenheiro que atuou na confecção do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) da Vale afirmou que a empresa sabia que, em caso de eventual rompimento da barragem em Brumadinho, haveria somente um minuto para os trabalhadores do refeitório e da administração escaparem. O profissional foi ouvido, nessa quinta-feira (27), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Barragem de Brumadinho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Ele também informou aos deputados que compõem a CPI, que o PAEBM não tratava de fatores de segurança ou estabilidade no caso da barragem. Além do engenheiro, que é funcionário de uma empresa contratada pela mineradora à época, também foi ouvido um ex-empregado da Vale.

De acordo com o engenheiro, o plano é um documento obrigatório para todas as barragens e deveria trazer a previsão dos danos possíveis em casos de rompimento, as rotas de fuga e diretrizes de atuação para mitigação de danos. Ele também explicou que são apresentados planos para três níveis de emergência e que só o terceiro tratava da iminência ou efetivo rompimento.

O PAEBM estabelece uma previsão de tempo, disse o profissional, e que é de responsabilidade da empresa realizar treinamentos e simulações para avaliar se o tempo indicado como necessário para a evacuação é suficiente.

Questionado sobre isso, o ex-funcionário da Vale ouvido na CPI, informou que a fiscalização que fazia do PAEBM dizia respeito à estrutura formal do documento e que nunca foi até a barragem que se rompeu.

Por meio de nota, a Vale respondeu que “entende-se que, antes de um rompimento, haverá sinais e, portanto, tempo para elevação do nível de alerta e remoção com segurança de todas as pessoas da ZAS. O rompimento da barragem B1 se deu de forma abrupta, sem sinais prévios, o que impossibilitou o acionamento do protocolo para esse tipo de situação”.

Esta foi a 12ª audiência da CPI. Na última segunda-feira (24), foram ouvidos outros dois trabalhadores acerca da ocorrência de detonações planejadas no dia da tragédia.

 

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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