Pacientes que lutam contra o câncer são o novo alvo de golpistas da internet. Em páginas do Facebook que defendem o uso da Fosfoetanolamina – substância química supostamente capaz de combater a doença –, fazem anúncios sobre a comercialização do produto, que, até o momento, sequer foi reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como um remédio.

O comprimido é produzido exclusivamente em um laboratório na Universidade de São Paulo (USP). Embora não tenham sido feitos testes clínicos que comprovem a eficácia da droga ou análises da toxicidade e efeitos colaterais provocados por ela, há depoimentos de pacientes que garantem ter visto o câncer regredir após tomar o composto químico.

Desde então, uma série de processos chegou à Justiça, que tem concedido liminares obrigando a USP a fornecer a substância gratuitamente. No entanto, a instituição de ensino já avisou que não conseguirá atender toda a demanda com rapidez.

Oportunistas

A demora para a entrega da droga e a falta de regulamentação a respeito da Fosfoetanolamina abriram caminho para a atuação de falsos fornecedores que, tirando proveito da fragilidade alheia, garantem ter o produto para pronto-entrega.
 
Administrador de dois grupos que discutem o tema na rede social, Renato Palhano confirma as tentativas de golpe. “De um tempo pra cá, o número de postagens aumentou bastante. Tem gente se valendo do desespero das pessoas que buscam a cura nessa substância para lucrar”.

O último anúncio era de um rapaz chamado Rodolfo. Ele dizia ter conseguido os comprimidos por meio de um contato sigiloso e que os interessados deveriam procurá-lo em um telefone do Rio de Janeiro.

Atenção

A advogada Palova Parreiras, membro da Comissão de Bioética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), recomenda que os usuários fiquem alertas a publicações semelhantes a essa na internet.

“A USP é a única instituição que fabrica esse comprimido, e a distribuição tem sido gratuita, por força de liminar. Produtos vendidos na web, portanto, podem ser falsificados ou furtados do laboratório da faculdade”, adverte.

Outra hipótese é a de que as postagens não passem de uma fraude. “Eles exigem pagamento antecipado, mas não entregam nenhuma mercadoria”.

Todas as alternativas são crimes previstos no Código Penal. A pena para fraude, por exemplo, varia de um a cinco anos de detenção, mais multa. Já o crime contra a saúde pública, aplicado quando drogas falsificadas são vendidas, pode render de três meses a um ano de cadeia.

 

“O ideal é que as pessoas abordadas por esses golpistas procurem a Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos. Técnicos da Polícia Civil conseguem localizar quem está por trás desses falsos anúncios”, aconselha Palova.

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