Pesquisadores da Fiocruz Bahia, em colaboração com o Ministério da Saúde, estão conduzindo um estudo inovador para avaliar se o dolutegravir, medicamento utilizado no tratamento do HIV, pode ser eficaz na prevenção da transmissão vertical do vírus HTLV-1 de mãe para filho. O projeto, que envolve 516 gestantes, visa reduzir as infecções pelo HTLV-1, um vírus que pode causar leucemia e outras doenças graves.
O HTLV-1 (vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1) é um agente que afeta o sistema imunológico e pode levar ao desenvolvimento de doenças como leucemia e mielopatia, além de aumentar a vulnerabilidade do organismo a infecções. A transmissão do HTLV-1 ocorre principalmente durante a relação sexual desprotegida e, no caso das gestantes, por meio da amamentação, o que torna crucial a testagem obrigatória durante o pré-natal. Quando o exame de uma gestante dá positivo, a recomendação é que ela evite amamentar.
Apesar dessas precauções, cerca de 5% das infecções podem ocorrer durante a gestação ou no momento do parto, e é justamente esse tipo de transmissão que o estudo da Fiocruz Bahia busca evitar. A pesquisa, inédita no Brasil e no mundo, acompanhará gestantes infectadas pelo vírus e seus recém-nascidos até os 18 meses de idade. As gestantes serão divididas em dois grupos: um deles usará o dolutegravir, começando a medicação na 24ª semana de gestação até o parto, e o outro grupo seguirá as recomendações tradicionais, sem o uso do medicamento, limitando-se à orientação de suspender a amamentação.
Se os resultados do estudo confirmarem que o dolutegravir é eficaz na redução das infecções pelo HTLV-1, essa será a primeira intervenção farmacológica capaz de prevenir a transmissão vertical do vírus. O sucesso da pesquisa pode levar à implementação de um novo protocolo de tratamento, contribuindo para que o Brasil atinja a meta da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de eliminar a transmissão vertical do HTLV-1 até 2030.
Com informações Hoje em Dia