Um estudo sobre o monitoramento das águas do reservatório de Furnas, no Sul de Minas, foi premiado no início deste mês em um evento nacional, o 20º Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto.

A pesquisa é fruto de uma união entre os cursos de Geografia, Engenharia Ambiental e Química, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal). A proposta do projeto é realizar o monitoramento e a caracterização das águas do reservatório de Furnas por meio de técnicas de manipulação de imagens de satélites.

Com esse projeto, a intenção é detectar a presença de plantas aquáticas, como os aguapés, que comprometem a qualidade da água e a atividade da pesca, por exemplo.

Segundo o professor e pesquisador Marcelo Latuf, o reservatório é muito amplo e extenso, portanto, não é possível estar em todos os locais ao mesmo tempo. Para isso, são usadas de imagens de satélite para ter estimativas de qualidade da água.

“Nesse estudo, particularmente, utilizamos um parâmetro da água chamado clorofila. A clorofila é um indicador indireto da eutrofização aquática. A eutrofização é, na verdade, o enriquecimento nutricional do ambiente aquático por elementos como nitrogênio e, principalmente, o fósforo.”

O professor explica que a poluição é gerada por diversas fontes. Além da tradicional, que é o esgotamento sanitário sem tratamento no reservatório, há também os adubos nitrogenados, fosfatados, que são largamente utilizados em agricultura. Além disso, há a problemática da variação do nível do reservatório.

Impactos

Sobre os impactos, são os mais diversos possíveis. Desde o aspecto da água, o contato primário, os esportes náuticos, mas, principalmente, o abastecimento humano, a irrigação e, no caso específico do braço monitorado por esse estudo, a atividade piscícola.

Marcelo ressalta que, segundo dados da Associação Peixe BR, a cidade de Alfenas foi considerada, em 2022, o quinto maior produtor de tilápia de Minas Gerais. Por isso, é uma pesquisa que se torna fonte de muitas informações aos piscicultores da cidade.

“Uma das principais contribuições é facilitar, é dar possibilidade de monitoramento da qualidade da água a quem, de fato, precisa a todo instante”, disse.

Melhoria na qualidade da água

Conforme o pesquisador, algumas medidas podem ser tomadas para garantir melhorias na qualidade das águas. Segundo Marcelo, a primeira delas é o saneamento básico dos municípios que compõem a bacia hidrográfica dos principais afluentes.

“Sem o saneamento básico, nós teremos esgoto na água e isso vai acarretar uma série de problemas no reservatório”, explicou.

Além disso, há também a parte do manejo da pesca, das áreas de proteção no entorno do reservatório e nos cursos d’água, que funcionam como uma espécie de “filtro”. Por fim, também é necessária a fiscalização por parte do poder público quanto a aplicação de adubos químicos nas plantações no entorno.

Fonte: G1 Sul de Minas

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