O reajuste da gasolina anunciado pela Petrobras e válido a partir desta quarta-feira (16) deixou o etanol mais atrativo para o motorista em Belo Horizonte e região. Em dois postos registrados pela reportagem na Via Expressa, por exemplo, o valor do álcool girou em torno de 60,1% e 60,6% do preço da gasolina. Habitualmente, abastecer com etanol vale a pena quando ele é vendido por até 70% do valor do combustível concorrente.
Nos estabelecimentos visitados, a gasolina era vendida por R$ 5,64 e R$ 5,59, e o etanol, por R$ 3,39. A competitividade do álcool já era prevista pelos produtores mineiros, pois a safra da cana foi considerada satisfatória neste ano. Os postos, porém, são livres para praticar os preços que desejarem, portanto, uma eventual alta na demanda do etanol neste momento pode pressionar os preços na bomba.
Como referência, é possível consultar o preço médio do etanol no Estado na semana dos dias 6 a 12 de agosto, a mais recente levantada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em Belo Horizonte, a média, que leva em consideração 39 postos, foi R$ 3,43. Em Minas, R$ 3,51, considerando 500 locais.
Como interpretar a regra de 70% do preço da gasolina
O valor de 70% não é inflexível, pois o motor de cada carro se comporta de maneira diferente e alguns rendem mais e outros, menos com o etanol. O engenheiro mecânico e professor do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG) Sérgio Melo explica que o parâmetro de consumo de cada carro é diferente.
“Esse valor não deve ser levado ao pé da letra, principalmente porque, quando ele foi estabelecido, era em uma geração de carros bem mais antiga e que tinha rendimento bastante prejudicado em relação ao que se tem hoje em dia. A única coisa certa é a pessoa fazer seu próprio percentual: pegar o carro, abastecer com um dos dois e rodar até acabar. Aí, abastece com o outro e vê quantos quilômetros rodou”, diz.
Com esses números, detalha o professor, é possível entender o preço máximo do etanol para ele ainda ser vantajoso. “Você divide um pelo outro. A quantidade de quilômetros por litro do etanol pela quantidade de quilômetros por litro da gasolina. O fator que você obtiver dessa divisão será aplicado sobre os preços da gasolina. Se o etanol estiver abaixo disso, vale a pena”, detalha.
Um instrumento que pode ajudar no cálculo é o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). É o selo verificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) com informações de rendimento de diferentes modelos de carro. A lista está disponível no site do instituto.
Fonte: O Tempo