O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi trabalhar na sede do seu partido na manhã desta sexta-feira (25), no centro de Brasília, e mais uma vez evitou declarações mais elaboradas para a imprensa. “Vocês acham que eu posso?”, devolveu a jornalistas ao ser abordado. “Gostaria muito de falar com vocês, mas não posso”, continuou o político.
O ex-presidente tem sido cauteloso em suas falas públicas depois que Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), alertou sobre a possibilidade de prisão por descumprimento das medidas cautelares.
Nessa quinta-feira (24), Moraes descartou a prisão do ex-presidente e ressaltou em decisão que “houve descumprimento da medida cautelar” por ele imposta, mas de maneira isolada.
Na decisão do ministro, além de manter as medidas cautelares contra o ex-presidente, ele destacou a orientação sobre as entrevistas: não há qualquer proibição de que Bolsonaro conceda entrevistas. Ele ressaltou que “inexiste qualquer proibição de concessão de entrevistas ou discursos públicos ou privados”. Porém, as entrevistas do ex-presidente não podem ser publicadas em redes sociais.
A decisão ocorre após Bolsonaro falar com a imprensa na saída da Câmara dos Deputados, onde participou de uma reunião convocada pelo Partido Liberal (PL), na última segunda-feira (21). Na ocasião, o ex-presidente mostrou, pela primeira vez e de forma pública, sua tornozeleira eletrônica.
Bolsonaro, então, teve de se explicar a Moraes sobre suposto descumprimento das cautelares, e a defesa do ex-presidente alegou desconhecimento, ao argumentar que a decisão do ministro relativa à proibição de usar redes sociais ou ter falas transmitidas por perfis de terceiros não era clara.
Em sua manifestação desta quinta, Moraes assinalou: “Por se tratar de irregularidade isolada, sem notícias de outros descumprimentos até o momento, bem como das alegações da defesa da ‘ausência de intenção de fazê-lo, tanto que vem observando rigorosamente as regras de recolhimento impostas’, deixo de converter as medidas cautelares em prisão preventiva, advertindo ao réu, entretanto, que, se houver novo descumprimento, a conversão será imediata”.
Fonte: Giovana Alves, Giovanna Pécora/Metrópoles