Um possível crime de maus-tratos ocorreu no bairro Caiçaras, região Noroeste de Belo Horizonte. Uma família é suspeita de se mudar e abandonar um cão amarrado por uma corrente a um cofre na residência. A Polícia Civil foi acionada nessa quinta-feira (2) pela advogada Bárbara Xavier, que denuncia o caso.

Bárbara conta que soube da situação no domingo (29) por meio da sua vizinha. “Da casa dela é possível ver o local onde o cão fica, e ela havia percebido que ele estava o tempo todo preso a um cofre antigo, inclusive exposto à chuva, e que dormia em cima desse cofre”, relatou.

A mudança da família ocorreu na terça-feira (31), conforme relata Bárbara. “A vizinha que consegue ver o cachorrinho disse que deixaram ele lá, preso e apenas com um balde de água”, afirma. Ela entrou em contato com a empresa responsável pela mudança e questionou sobre a situação.

“Eles entraram em contato com um dos ex-moradores da casa, e ele disse que um pintor iria à casa e que ficaria com o cachorro”. Segundo Bárbara, o pintor, entretanto, disse que o cão lhe foi oferecido, mas que ele não poderia ficar com o animal.

Desde quarta-feira (1ª), Bárbara tem ido à casa onde o animal foi deixado para alimentá-lo. Para ter acesso ao local, ela se aproveita do horário de trabalho do pintor.

“O cachorro está muito maltratado e não deixa ninguém se aproximar, tanto que não conseguimos tirar a corrente do pescoço dele. Ele está andando arrastando ela e o tempo inteiro com o rabo entre as pernas, evidente sinal de medo”, lamentou.

Tutora de dois cães e três gatos, Bárbara afirma que, a partir de uma ação das autoridades sobre o caso, pretende disponibilizar o animal para adoção responsável.

Dificuldade para denunciar

Segundo a advogada, embora tenha conseguido registrar uma ocorrência nessa quinta-feira, ela tenta denunciar o caso às autoridades há pelo menos três dias.

“Na terça mesmo tentei fazer a denúncia por telefone e não consegui, pois não sabia informar o novo endereço dos tutores, o que é impossível o denunciante ter. Liguei para vários canais de denúncia e não consegui nenhum suporte”, lamentou.

Outra tentativa ocorreu na quarta-feira. “Parei uma viatura da Polícia [Militar] que estava passando e expliquei a situação. Me disseram que não podiam fazer nada, que tinha que esperar para ver se eles [donos] voltavam e que havia passado pouco tempo. Orientaram-me a ligar para a polícia se passasse mais um dia sem que os tutores buscassem ele”, disse.

A reportagem questionou a Polícia Civil sobre o andamento da investigação e sobre a dificuldade relatada pela advogada em denunciar o caso e aguarda retorno. O texto será atualizado quando houver um retorno.

Crime de maus-tratos

Desde 2020, a pena para quem maltratar ou praticar abusos contra cães e gatos foi aumentada, passando a ser de dois a cinco anos de reclusão, multa e perda da guarda do animal. Antes, a pena era de detenção de até um ano.

O deputado Fred Costa é o autor da lei e acredita que a legislação fez com que a impunidade deixasse de ser uma certeza para os agressores a pets. “Quando tivemos a sanção da lei, já prevíamos que aumentariam os casos. Antes não tinha penalidade, e isso desestimulava as pessoas a denunciarem”, diz.

Conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), foram contabilizados 3.222 denúncias de maus-tratos contra animais de janeiro a novembro de 2022, uma média de dez a cada dia.

Fonte: O Tempo

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