Inspirados no gesto do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ), familiares de presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023 estudam fazer greve de fome para pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, a pautar o requerimento de urgência para votação do PL da Anistia. A informação foi revelada pela CNN e confirmada por O TEMPO.

Glauber Braga ficou oito dias em greve de fome e dormiu em um colchão no chão da Câmara após o Conselho de Ética ter aprovado, em 9 de abril, um pedido de cassação de seu mandato. O motivo foi o político ter expulsado a chutes da Casa um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).

O parlamentar, contudo, acusa o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) de interferir no processo de cassação – Glauber e o alagoano já protagonizaram desentendimentos. Segundo a assessoria de imprensa, o parlamentar perdeu mais de cinco quilos e, nesse período, ingeriu apenas água, soro e isotônico.

O ato de protesto foi encerrado após o presidente do Conselho, deputado Motta, fechar um acordo com líderes do Psol e do PT: o caso só será levado ao plenário da Casa pelo menos 60 dias após a votação do recurso apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O partido ingressou com o recurso na quarta-feira (16).

O projeto que prevê anistia aos envolvidos nos atos que resultaram na depredação e destruição dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi colocado em banho-maria pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira, em outubro de 2024. Desde então, líderes da oposição tentaram retomar a tramitação do tema, sem sucesso.

A pressão aumentou após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, no último mês, abrir ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas por golpe de Estado. A proposta tem como principal intuito “salvar” o político de uma possível condenação do tribunal.

Na última semana, a oposição protocolou um requerimento de urgência para votação do PL da Anistia. O documento conta com 262 assinaturas, inclusive de deputados da base governista. Cabe agora ao deputado Motta decidir se pauta o projeto. Caso seja aprovado pelo plenário, o texto ainda precisará passar pelo Senado e pela sanção presidencial.

Motta sinalizou que levará o tema para apreciação no colégio de líderes do Legislativo – a próxima reunião está marcada para ocorrer na quinta-feira (24). Enquanto isso, governistas tentam travar o projeto e líderes da oposição estudam estratégias para pressionar o presidente da Câmara. Entre elas, está a greve de fome.

A avaliação, segundo um parlamentar do PL ouvido pela reportagem, é de que Motta só deve “sair de cima do muro” diante de forte pressão popular, já que não quer assumir o ônus de nenhuma decisão. A estratégia ainda não é dada como certa, mas também não está descartada, com o intuito de testar se ele adotará “dois pesos e duas medidas”.

 

 

Fonte: O Tempo

 

 

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