O plantio da maconha para consumo próprio não é uma prática recente no Brasil, mas em Minas Gerais cresce em ritmo acelerado.

O número de pessoas conduzidas pela polícia por cultivar a erva no Estado aumentou 53% de janeiro a outubro de 2017, na comparação com igual período do ano anterior.

Pela Lei de Tóxicos, de 2006, o cultivo sem autorização legal é crime. Se for comprovado que a ação é destinada ao tráfico de drogas, a pena pode chegar a 15 anos de reclusão. Muitos usuários, no entanto, afirmam que essa é a opção para quem quer distância dos atravessadores.

Morador da Grande BH, Júlio*, de 29 anos, cultivou a erva pela primeira vez em 2013. Diz ter sido motivado pelo desejo de não comprar a droga na mão de traficantes. “É uma forma de você enfraquecer a cadeia do tráfico. É ali que está a guerra, a violência, o aliciamento de menores e tudo de pior quando o assunto são as drogas”, afirma.

A procedência também é outro fator apontado pelo jovem como uma suposta vantagem. “É muito mais confiável consumir algo que você cuidou. Se a maconha comprada na rua for analisada com um microscópio, vão encontrar até fezes humanas misturadas no produto”, diz.

Quem escolhe cultivar a droga em casa convive com o medo de ser flagrado e preso. Além da discrição em relação à vizinhança, muitos preparam um cômodo para ser isolado e acomodar as plantas. Há quem tente improvisar, o que nem sempre pode dar certo.

Durante sete meses, o belo-horizontino Rogério*, de 23 anos, cultivou a própria maconha. Porém, o resultado não foi tão satisfatório. O jovem explica que mantinha a planta no armário, em uma espécie de estufa improvisada com luz artificial, termômetro e ventilador. “Foi muito artesanal e ela não se desenvolveu como eu esperava”.

Já quem tem experiência no plantio garante que a economia é garantida. Henrique*, de 33 anos, tem estufas há cerca de cinco anos. Morador do Norte de Minas, ele afirma que, depois do investimento inicial, o custo seria mínimo. “Comprando, eu gastava uma média de R$ 1 mil por mês. Plantando, meu único gasto é a energia elétrica”.

Difusão

Na internet, as comunidades dedicadas à difusão da cultura do autocultivo da cannabis também tem milhares de adeptos. No Facebook, a página Growroom, por exemplo, tem mais de 100 mil seguidores.

Com o slogan “Quem ama planta”, o grupo oferece aos interessados uma apostila com o passo a passo necessário para plantar e cultivar a maconha em casa. Uma atitude condenada pela legislação brasileira, mas que tende a se tornar cada vez mais comum, segundo estudiosos do tema.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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