Mesmo sendo verdadeira esta máxima, entendemos que as ações de qualquer governo não devem e nem podem ser majoritariamente pautadas apenas pelas queixas e reclamações de quem quer que seja. Ainda que esta forma de agir, especialmente hoje, com a maximização da informação via redes sociais, possa trazer a sensação de que a administração está indo bem ao atender com certa presteza esta ou aquela reivindicação. Por exemplo, a troca de uma lâmpada de um determinado poste.
E olhem que não há nenhuma contradição quando afirmamos que prioritariamente, se observada uma escala de importância dos pedidos e reclames catalogados, desde que verificada sua gravidade ou a necessidade de adoção urgente de determinada providência ou atendimento, a administração venha a atuar com maior rapidez e eficiência na busca da solução do problema dela cobrado. O atendimento é sempre bem vindo, mas nunca deverá ser feito ou encarado como sendo sua meta principal.
Dito isto, afirmamos que aqui mesmo, fica fácil ao observador mais atento perceber que ultimamente tem sido bem diversificado o número de informações oficiais trazidas a público, dando conta de ações ou encaminhamento de providências que dizem respeito à busca de solução de problemas em que o número de queixas e reclamações, embora existam há muito tempo, finalmente agora, se mostrem como parte da programação das secretarias que deles deve cuidar.
Esta semana mesmo, pelas redes sociais, tomamos conhecimento de que na atual administração as primeiras providências para a implantação de controle, via satélite, dos veículos oficiais já estão em andamento. Coincidentemente tal assunto foi objeto de crítica na Câmara e ecoou com muita rapidez nas redes sociais.
O mesmo pode também ser constatado a partir da verificação mais cuidadosa de tudo quanto circula nas mesmas redes. Não têm sido raras as publicações de respostas de secretários e do próprio ouvidor, quando “cutucados”. A nova conduta merece elogios e, via de regra, tem sido motivo de contentamento por parte dos reclamantes.
A abertura das portas da Prefeitura chamando a população para melhor conhecer o andamento e as dificuldades no trâmite burocrático dos serviços públicos, é outro avanço que merece elogios. Esta inovadora providência talvez minimize o sentimento antagônico ainda reinante em determinados grupos que, de certa forma, representam camadas da sociedade.
Queixas, pedidos de providência e apresentações de mazelas públicas no telão da Câmara, também exibidos publicamente a cada segunda-feira, em boa medida, tem sido atendidas pela municipalidade no decorrer da semana subsequente o que, nos faz crer, mais ainda na máxima que afirma ser a oposição e a própria imprensa, enquanto fiscalizadores, o braço direito de qualquer administração pública. A crítica bem fundamentada deve ser encarada como alerta! Somos realmente os olhos do administrador que por não ser onipresente, conta com a ajuda destes “fiscais voluntários” que percorrem diariamente com um olhar atento e mais crítico, todos os rincões da cidade.
Tudo bem! É importante que se atendam tais reclames e/ou sejam aceitas as sugestões que pipocam aos montes na internet, na Câmara ou nas páginas da imprensa escrita ou nos programas radiofônicos. Porém, a administração não pode e nem deve abrir mão de suas obrigações mínimas e muito menos da execução e cumprimento das promessas trazidas a público e contidas nos tais planos de governo, quando simplesmente se limita a ser pautada pelos acima mencionados.
Há um mínimo, o tal feijão com arroz, que não pode ser esquecido ainda que sob a desculpa de que a escassa mão de obra existente tenha sido ocupada no atendimento desta ou daquela crítica trazida a público, apesar desta, na forma reclamação de grande repercussão tenha retumbado na Câmara, nas redes sociais ou na imprensa.
O governo precisa entender que problemas relacionados com a limpeza urbana não se resolvem simplesmente com o anúncio de que foram adquiridas “n” lixeiras. O mesmo, no que concerne a falta de manutenção nesta ou naquela rodovia, justificando que faltam peças de maquinário ou que a estação chuvosa já perturba o cronograma de obras. Afinal de contas, com raríssimas variações, todos sabemos quais são os meses em que as chuvas ocorrem.
Na mesma linha não se pode culpar apenas a falta de educação, civilidade ou à nefanda prática do vandalismo pela permanência de certas mazelas. Afinal de contas, como explicar a falta de cuidados com nosso Terminal Rodoviário? Será que os banheiros das estações de metrô, dos aeroportos ou de outros Terminais Rodoviários de cidades até menores e vizinhas à nossa, devem ou podem ser comparados aos daqui?
Concluindo, entendemos que a improvisação, ainda que necessária no atendimento de certas demandas, precisa e deve ser encaixada num plano maior de governo. Política de governo, melhor dizendo. Esta, se não for do conhecimento de todas as pastas, se não vier a ser executada de maneira integral e harmônica, acabará gerando um faz e desmancha, tal e qual ao que assistimos por aqui diariamente, quando meio ambiente, Saae e Obras perdem muito tempo e recursos em centenas de obrinhas de pequeno porte, espalhadas por toda a cidade. Estas, para serem executadas, todos nós sabemos, demandam emprego de mão de obra, vai e vem de veículos e gasto de materiais que se perdem aos montes. Não são raros os exemplos em que verificamos que após a conclusão de serviços como o recobrimento de vias públicas, um, dois ou poucos dias após, vem a autarquia e abre novas valas para corrigir um vazamento que toda a vizinhança sabia e eles também, já se mostrava evidente antes da chegada da turma da Obras, ou da própria empreiteira contratada.
E os exemplos são muitos. Saúde e Desenvolvimento Humano também são áreas que, se associadas em determinadas ações, mostrariam um resultado mais eficiente no atendimento de algumas mazelas que a exemplo do que ocorre ali no Terminal Rodoviário (é sempre ali) tem sido objeto de reiteradas críticas.
Como entender que numa determinada pracinha, a pintura de bancos ou de equipamentos é função de uma secretaria e que, o gramado do entorno só pode ser mexido pela turma de outra repartição, ainda que ele se encontre entremeado de “fiação viva” e coloque em risco os usuários daquele local de uso público?
Por que o serralheiro contratado pela Educação não pode socorrer aquele Posto de Saúde ou a própria UPA, onde semana passada se exibiu na Câmara o degradante estado de banheiros sem porta, ou de um corredor cujo acesso deveria ser permitido apenas a funcionários da casa e que permanece há dias, aberto porque a porta caiu ou foi arrancada sabe-se lá por quem?
E, finalmente, se dezenas de veículos circulam diariamente por toda a cidade, muitos desses em horários em que notadamente não estão a serviço do público – hora de almoço, em determinados locais, em portas de escolas sem que sejam veículos destinados a transporte escolar – e etc. Por que estes ainda não estão sob o controle de quem de fato os deveria controlar?

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