A maternidade não foi suficiente para afastar o tráfico de drogas da vida de Armanda Batista, 23. Então moradora da cidade de Ipatinga, Vale do Aço, ela preferiu correr riscos a se manter no emprego de auxiliar de cozinha. O preço pela atividade irregular veio rápido e bem amargo: uma condenação de oito anos de reclusão. Hoje, depois de cumprir quase dois anos da pena, a jovem está longe da primogênita (7 anos) e se dedica aos cuidados da filha recém-nascida. A segunda gravidez aconteceu quando ainda estava detida no Centro de Remanejamento de Presos no Vale do Aço.
Esta semana, ela e outra colega da penitenciária Estevão Pinto participaram da capacitação oferecida aos 60 agentes que vão atuar no novo Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, que funcionará no bairro Serra Verde, na capital. Lá, as celas serão divididas entre cinco ou seis mulheres e seus filhos. Até uma brinquedoteca, que estimula a imaginação e a inteligência, estará disponível para as mães e seus rebentos.
O centro deve estar concluído em outubro e começa a funcionar ainda neste ano. Todos os agentes prisionais desse novo centro são técnicos em enfermagem para saberem lidar com outra realidade: mães e gestantes criminosas. Me envolvi com um casal que traficava e sabia de tudo. Como não tinha onde morar, me sujeitei a buscar droga em outro bairro, disse Armanda. Quando foi flagrada pela Polícia Militar, ela estava com 22 pedras de crack e uma bucha de maconha.
Segundo o subsecretário de Administração Prisional, Genilson Zeferino, o número de mulheres presas pulou de 300, em 2003, para 1.537, até o momento, nas unidades gerenciadas pela Subsecretaria de Administração Prisional. Outras 136 são quase egressas, pois já cumpriram a pena e estão em processo de desligamento com o sistema. Ainda segundo ele, a participação de grávidas tem aumentado no transporte de entorpecentes, mas não há dados comparativos sobre o assunto.

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